A casa de vovó é uma típica casa de vó. Aconchegante e bonitinha, tem quintal, cachorro e várias gavetas cheias de coisa que eu sempre mexia quando criança e quebrava, claro. Na casa de vovó o almoço é mais gostoso, não sei que tempero é que usam lá, mas tudo dá água na boca, pense numa delícia. Dá vontade até de comer fruta e doce de goiaba feito na hora. Eu não sei se com todo mundo é assim, mas sempre tenho medo de ir no banheiro à noite na casa de vó, imagino milhões de coisas, sou uma mole. Mas o melhor de tudo com certeza é chegar lá e receber um cheiro da minha vó e ouvir ela me chamando de linda. Quando ela tava quase eu não aparecia lá, agora que estou todos os dias e a casa está do mesmo jeito, está faltando alguma coisa, na casa da minha vó agora, só não tem a minha vó.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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