Eram jovens e não se conheciam há
muito tempo, mas se sentiam íntimos como dois amigos de escola que se veem
quase todos os dias e compartilham experiências da vida. Altas horas da noite se
encontraram e foram pra o lugar mais alto da cidade, de lá de cima viam as
luzes das ruas e avenidas que refletiam em brilho nos olhos deles, o vento frio
e sereno batia no rosto dos jovens enquanto consumiam cana e bis. O mundo
acabava e começava ali, bem ali naquele banco de terra em que os dois estavam
sentados e falavam da vida com palavras que transbordavam esperança. A
felicidade que invade o coração dos homens invadiu tão serena quanto o vento o
coração daquele casal que só queria viver aquele momento. A cana e o bis
acabaram e eles foram embora, dormiram juntos e em paz, amantes da vida e dos
momentos.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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