Eu acho que os céus
deviam decretar que os jovens estão proibidos de morrer, que só podem morrer
depois que viveram e aprenderam muito, foram felizes e sofreram, tiveram filhos
e netos, quem sabe bisnetos! Nada é mais triste e desesperançoso pra o futuro da
humanidade que ver esses meninos que morrem cedo, esses meninos que vão embora
sem avisar e levam com eles a vida inteira que teriam pela frente, levam o
futuro, levam os sonhos da posteridade. A juventude tem luz própria, tem
vontade de viver, tem coragem. Esses meninos que morrem cedo tem tanta coragem
que chegam a pensar que são imortais e inquebráveis, mas não são. Desses
meninos que morrem cedo, morre com eles o brilho nos olhos, o brilho que queria
ganhar o mundo, mudar o mundo, mudar seu mundo, ser feliz. Eu fico triste
quando vejo esses meninos que morrem cedo.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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