Quando era ensino fundamental li em algum lugar sobre a "arte de lavar louça", a arte de transformar o sujo no limpo, era poético mas não me recordo tanto. Ao passar margarina em um pão duro pra fazer torradas pra o café da manhã, me atentei pra poesia. Comprei aqueles pães com as últimas moedas que tinha na carteira, com a vida corrida que levo nesses tempos de muita responsabilidade não pude comê-los antes que ficassem duros como um pão duro, lembrei que podia "reciclá-los" e eles ficariam tão bons quanto antes, teriam agora um sabor: fazer deles torradas! E assim o fiz, a arte de transformar o duro e "incomível" em algo saboroso, precisamos praticar mais essa arte na vida, a arte das torradas.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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