É que às vezes bate uma saudade danada de casa, às vezes eu quase morro de vontade de correr pro lugar que me chamam de "roberta", "beta" ou "betinha", às vezes é tão difícil estar longe, o coração fica apertado e bem pequenininho. É que onde me chamam de "roberta" é um aperreio só, "beta, vem cá, beta, num sei o que" a toda hora e a todo instante pra falar qualquer besteira e isso só tem lá. É que eu gosto mesmo é daquela cama, daquele canto, de ficar fazendo nada bem ali, de sentir aquelas sensações de tranquilidade, paz, segurança. Por aqui eu tenho que ser adulta, lá eu sou "betinha", adulta eu me defendo, "betinha", eles me protegem. Aqui é agenda cheia e intensa, de repente, um vazio, lá é maresia e não falta nada. Lá tem um tal de painho, mainha e ville e tem até um toff que me fazem ter certeza que eu sou mesmo de lá. Tô com saudade.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
Comentários
Postar um comentário