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20 de novembro de 2015

É que abri minha caixinha de brincos essa manhã e senti o cheiro da tua marijuana, lembrei daquele dia em que encontrei depois de tanto tempo o abraço que me encaixava, mas amanheceu e depois perdi os teus braços de vista. No ônibus coloquei pra tocar no meu celular aquelas músicas esquisitas que você me mandou, depois que a gente passou uma manhã inteira trocando música, todas elas me fazem lembrar da gente e as letras de todas elas soam como as palavras que não trocamos naquela conversa marcada que nunca aconteceu. Se eu fechar os olhos consigo te ver sorrindo pra mim, um sorriso maroto, safado, feliz, um sorriso de quem sabe viver e é malandro e é esperto e é menino e é moleque, o teu sorriso. 

Fico sem querer confessar, mas confesso que aquela ligação no meio da manhã deixa aquele pedaço do dia mais sorridente e mais leve, deixa mais confuso também, mas deixa mais leve que confuso, é que eu queria não querer te atender, mas não consigo não atender a chamada de quem me faz sorrir como uma otária. É viciante te ver, te sentir dentro de mim, te ter por perto, é viciante o nosso abraço corrido e que também é quente e tem gosto de vontades, faz falta não te ver, não te sentir dentro de mim, não te ter por perto, faz falta não ter teus braços de vez em quando. Enquanto isso fico por aqui te escrevendo versos tolos que carimbam minha vontade, meu desejo, meu querer, meu convite. 

Fico esperando você perceber que não é um xadrez pra chegar a hora do xeque mate pra você provar que tem poder sobre mim, mas que nós dois somos apenas dois peões.

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