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Mostrando postagens de março, 2016

sapato, dedo no nariz e pitanga

Ele ficou achando que se faltasse inspiração era sinônimo de falta de querer, isso deixou ela incomodada, não fazia sentido, falta de inspiração não é sinônimo de  falta de poesia e a poesia entre eles ainda não dava sinal de esgotamento, pelo contrário. Mas como boa amante que não quer deixar o bem querer com dúvida alguma sobre o sentir, permitiu que a inspiração deixasse ela escrever mais um registro sobre os dois. Dessa vez um registro que possa publicar, porque os últimos dois estão muito bem guardados pra que ninguém tenha acesso ao mundo que eles estão descobrindo, que só pertence a eles.  Fechou os olhos em busca do que tinha ficado gravado dos últimos encontros, entre coisas concretas e abstratas, lembrou de ter observado que os sapatos com as meias dele tinham ganhado um lugar fixo fora da casa, foi quando calculou que agora podia contar também com os minutos que ele leva pra poder calçá-los antes ir embora, porque quando a gente gosta todo minuto a mais é um minuto a ma

das exaustões

Exaustão significa esgotamento, cansaço extremo: exaustão física. Perda das forças físicas ou mentais: cansado, sofria de exaustão. Meu corpo tá acostumado com cansaço físico e já teve fases piores, eu aprendi a lidar com isso, simplesmente vou até meu limite e quando ele não aguenta mais adoeço e pronto. Mas com a mente é diferente e não topo ir até o limite com ela porque adoecer da cabeça é muito desespero e não tenho tantos motivos assim pra isso.  Então de vez em quando minha mente sofre ataques de exaustão e preciso de canos de escape pra não surtar. Eu sou consciente do momento de crise generalizada que estamos vivendo, política, econômica, das relações entre as pessoas e tenho pela convicção que o nível de consciência em relação a esse momento é diretamente proporcional as preocupações que me afeta todos os dias, são tempos muito difíceis para os sonhadores e é triste constatar que essa frase já virou clichê.  Esse clima instaurado tá quase que insuportável, a intolerâ

feminismo para iniciantes

Não faz muito tempo que me descobri feminista e me sinto muito responsável por despertar mais consciências pra essa luta que é tão necessária, então, vai aqui mais um registro. Tenho escutado as vozes do mundo real, tenho escutado opiniões assustadoras e preciso esclarecer algumas coisas antes que sufoque por dentro, preciso impedir que equívocos continuem sendo reproduzidos em relação a luta das mulheres.  Vamos lá, pra começar as pessoas precisam entender que o machismo foi construído socialmente ao longo da história, e quando as pessoas conseguem ter essa compreensão da construção social histórica das coisas, conseguem entender o racismo e a desigualdade que os negros se encontram até nossos dias, conseguem compreender que historicamente pobre no Brasil nunca teve oportunidade de ascender socialmente e só quando a gente elegeu um operário pra ser presidente é que conseguimos ter mais dignidade e oportunidades, enfim, a gente consegue entender que nada é um retrato parado, que t

depoimento ao Sindicato dos Professores de Pernambuco

pela liberdade, felicidade e vida das mulheres

Até um tempo atrás eu não tinha consciência da necessidade da luta feminista, eu menina/mulher, pensava que podia enfrentar o machismo diário sozinha, porque apesar de não ter consciência do feminismo enquanto instrumento de transformação social, eu sempre conheci o machismo muito bem desde sempre, às vezes a gente não coloca nome, mas ele tá ali no ônibus, na rua, dentro de casa, nas relações sociais e ele incomoda muito, ele faz a gente se perguntar porque disseram que é assim que tinha que ser até a gente conhecer outras meninas, que se incomodam com isso também, e entender que somente juntas é que vamos mudar esses conceitos que parecem imutáveis.  Eu sempre me incomodei quando em casa minha mãe e meu pai diziam que eu tinha que lavar os pratos e meu irmão não podia, sempre me senti mal quando era olhada por homens nojentos como um pedaço de carne na rua, trocava de calçada, desviava olhares, fingia que não era comigo, nunca esqueci de quando um homem encostou em mim no ônibus

oitava poesia

Teu rosto fica mais bonito quando a maior distância entre ele e o meu é o espaço necessário pra respirar. Gosto de todos os contornos que ele tem, as pontas dos meus dedos já sabe o caminho a fazer quando redescubro ele sempre que te toco. Sobrancelha, olhos, nariz, cavanhaque, boca, queixo, esse conjunto tem uma harmonia que me enfeitiça, ou talvez seja exagero de gente apaixonada, não importa, só sei que te acho tão bonito quanto as luzes dos prédios que refletiam na laje aqui de casa naquele dia. Não sei pessoas normais, mas eu meço a intensidade dos meus sentimentos pela inspiração que as pessoas causam em mim e a gente tem poesia a qualquer hora e lugar. Olha eu aqui pela oitava vez falando da gente e só pra te contrariar não vou falar do quanto foi divertido reler os textos anteriores juntos acompanhados de cerveja, nem das moedas caídas no chão, nem de nenhum momento que você especulou que eu tivesse ensaiando na minha cabeça o que poderia escrever sobre a gente, até que ensaie