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do que eu vi

O processo eleitoral começou ano passado em um Conselho de Entidade de Bases pra reunir os diretórios acadêmicos da UFPE e discutir a reabertura do DCE, depois de vários CEB's intermináveis, depois de marcada e adiada a eleição, finalmente ela aconteceu nos dias 23, 24 e 25 de abril, existia uma quantidade mínima de votos pra eleição ser legitimada, 7.800 (estudantes graduando e pós-graduandos), mas ao término da eleição foram contabilizados apenas 5.087 votos. Foi colocada em votação na reunião da comissão eleitoral com a presença de representantes das chapas, se as eleições de fato seriam impugnadas ou validada. 

As eleições do DCE UFPE em abril de 2014 foram impugnadas.

Faz mais de quatro anos que a maior Universidade norte/nordeste do país encontra-se sem a máxima representação estudantil, depois de quatro anos houve condições de reunir os diretórios acadêmicos e convocar as eleições, depois de quatro anos várias chapas se organizaram para concorrer ao pleito, depois de quatro anos os estudantes independente de suas opiniões a respeito do processo, puderam pensar sobre o que significa ser estudante da UFPE e contribuir para seus avanços, ou não.

Pois bem, o que eu vi foi uma campanha terrorista contra as eleições e contra as chapas da disputa, principalmente nas redes sociais, uma campanha baixa, que deslegitimava o processo eleitoral construído coletivamente e que atacava os grupos políticos organizados dentro da Universidade. 

Eu vi muita apatia e desprezo nos olhos de milhares de estudantes, que nos olhavam como se fossemos idiotas que estavam perdendo aula por algum interesse maior, mas também vi esperança nos olhos de outros milhares que junto com nós acreditavam que organizados podíamos pensar, propor e lutar por uma Universidade melhor e com a cara do estudante.

Eu vi garra nos olhos dos membros de várias das chapas inscritas, confesso que mesmo sabendo que todas as chapas faziam campanha contra a nossa, eu admirei muitas vezes alguns deles, pela força, pela disposição e acho que minha força pra ficar em pé talvez viesse deles em alguns momentos.

Eu vi cansaço, desgaste e um brilho muito bonito nos olhos dos camaradas da chapa 6 e de todos os militantes da UJS que lá estavam pra ajudar, foram dias de resistência e muito aprendizado, não vacilamos dia após dia, a nossa pauta principal não era atacar ninguém, não era brigar, nosso interesse maior era REABRIR O DCE. Não deu quórum? Não deu, é verdade. Mas o que significa alcançar o quórum em uma conjuntura que os estudantes nem sabem o que é o DCE e que o movimento estudantil está fragilizado? Até quando a maior chapa do DCE da UFPE vai ser a "sem gestão" e o seu maior eleitor vai ser o quórum que não bateu? 

Eu tenho pena desses estudantes que comemoram o fato de que mais uma vez a eleição não tenha dado certo. E acredito que na verdade, na verdade, não reconheceram essa eleição por que era a chapa da UJS que ia levar, mas sei que é verdade também que pra reconstruir o DCE dentro de todo esse blá, blá, blá legalista é preciso conversar com mais estudantes e se aproximar de mais diretórios acadêmicos, fazer muita luta de base e construir a próxima eleição quantas vezes for necessária!

E é o coletivo eu quero sempre mais que vai fazer isso, porque essa é a galera que tem ousadia e responsabilidade para tal, firme na luta, camaradas, "o nosso bloco foi de fato campeão"!

Comentários

  1. Se boa parte dos estudantes não se sentem representados, o problema é das chapas e não dos estudantes.

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