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Mostrando postagens de março, 2020

o corona, a meditação, o osso de galinha, a menina da tv

Estamos sendo massacrados por uma doença que atinge nossas vias respiratórias, não é uma "gripezinha" como ousam dizer por aí. Dizem que a probabilidade de causar maiores danos está restrito a grupo de riscos, como idade e comorbidades associadas, mas a missão de todas nós no momento é lutar para diminuir ao máximo o potencial de transmissão do vírus com uma medida básica de prevenção: ficar em casa. Qualquer coisa fora do padrão de normalidade da nossa saúde, já incomoda bastante, imagina então uma doença respiratória o quanto nos debilita.  Deve ser muito desesperador.  Respirar é um ato involuntário, a gente respira que nem sente. Tento meditar às vezes e em todas as minhas tentativas eu lembro de duas coisas que ficaram marcadas na minha memória. A primeira é de um paciente. Conheçam a história: em um dia qualquer ele tava almoçando e teve um engasgo com osso de galinha, pela maneira que relatou não foi um engasgo que ele considerou importante, passou, algum tempo dep

obviedades em meio ao caos

Nada é tão humano quanto uma doença, nada é tão humano como estar doente, os processos biológicos de nascer, reproduzir, adoecer, morrer validam em nós a ideia da igualdade. Somos iguais perante a morte. Não tem nada pior pra cada um de nós que uma doença, ou até mesmo qualquer coisinha, sabe uma afta? Incomoda bastante, deus me livre. Eu li em algum lugar dos estágios que passei na faculdade, algumas coisa do tipo "a doença nos torna estranhos a nós mesmos", é como se aquela condição que a gente está não fosse a gente, porque não é nossa normalidade e isso causa um sentimento melancólico/triste de estranheza.  Eu tava com ideias de escrever sobre outras coisas até uns dias atrás, mas não dá pra rolar fuga ao tema nessas condições, só pensamos juntos em uma única coisa e vamos ter que passar por isso, então vou fazer meu registro, como era de costume, sobre o que passa aos meus olhos. Acredito que muitos de vocês ao menos já "passaram a vista" nas várias fo

se benze e reza

essa sensibilidade exacerbada, exagerada, demasiada, ainda vai me matar, eu sei que é disso que vou morrer, de sentir. sentir dói quando é de coisa ruim. estamos em 2020, ano que eu e acredito que tantos outros esperávamos com esperança de sei lá, alguma coisa melhorzinha que o maltrato dos outros anos tem feito com a nossa gente, será que ainda dá pra ter um ano bom? acho que não. o ano é 2020 e estamos no meio do caos, quem dera fosse greve de caminhoneiro ou alguma grande derrota política nas urnas, quem dera fosse qualquer coisa que deixa a gente limitado pra resolver as coisas da vida. o ano é 2020 e a nossa frágil humanidade - no sentido de ser humano - está ameaçada por contabilização de novos casos, mortes, muitos novos casos, muitas mortes, vocês estão sentindo o que eu tô sentindo? dói tanto né? a gente só fecha os olhos e pede que isso acabe, passe. vai passar, olha lá a china, ufa, dá uma sensação de alívio né? a gente vai chegar lá né? vai dar certo né? eu espero que sim.

minha eleitora sueli

Em 2016 fui candidata à vereadora em Recife pelo meu partido, o PCdoB, quando se é candidata/candidato você precisa ter onde pedir votos, onde e a quem, definimos que meu lugar/pessoas seriam as universidades/estudantes, principalmente a que me formei, por ter maior inserção e relações políticas e pessoais. Mas claro, queríamos alcançar (eu falo no plural porque era um projeto coletivo) o maior número de pessoas possíveis e não só o público restritamente universitário, então buscávamos abrir os mais diversos diálogos, como batalhas de rap, visitas em casa de familiares dos amigos e amigas, hospitais devido a minha formação de enfermeira, grupos de dança, enfim, uma variedade de lugares/pessoas.  Além de ter esses "alvos" sempre planejávamos atividades que pudessem ter algum retorno concreto nas urnas, jantar de adesão de campanha, aniversários, chá de fraldas (na ocasião eu estava bem grávida) e o de praxe, panfletagens. Bem, fizemos nossa campanha dentro das limitadas c

só pra constar nos registros

decidi que voltarei a me dedicar a isso aqui, o exercício da escrita pra mim sempre foi importante, acho que já falei disso antes... mas faz tempo, eu adorava escrever historinhas, eu tive vários diários, eu sempre gostei de escrever, não posso deixar que essa vida que sufoca a gente com tanta demanda, me deixe sem poesia, não posso. vou tentar voltar e inaugurar um novo início (pleonasmo né?  licença poética) portanto, a partir de hoje, não me refiro mais ao meu blog como "PRETA SEM JUÍZO", apesar de ter convicção que tenho cada vez menos, principalmente depois de uns ataques de ansiedade que andei sofrendo, que o relato vai ficar pra os textos que pretendo escrever, mas quero me reapresentar como apenas "MELKA", meu nome é a única definição que me cabe, odeio referências como a que é enfermeira, a que é mãe, a que é feminista. estou voltando, pretendo me disciplinar a escrever pelo menos um texto por semana (pra dissertação ninguém quer escrever né?) e falar de t