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uma crônica para piolho

Se Miró ainda tivesse vivo, adoraria encontrá-lo para dizer que é verdade que "janela é danada pra botar a gente pra pensar", mas que tem outra coisa que faz a gente pensar demasiadamente sobre tudo: a danada da morte. Hoje completa 10 anos que Eduardo Campos morreu de forma trágica, um homem público, defensor dos direitos do povo, bom gestor e bom político, sua memória resgata em nós o legado deixado, João Campos por exemplo é o seu legado vivo e em ação. O povo pernambucano nunca irá esquecê-lo, nunca vamos esquecer de 13 de agosto de 2014 quando a notícia ruim correu o Brasil como rastro de pólvora e nos enlutou imediata e profundamente. Grande perda, comemoremos sempre sua vida e seu legado.  E hoje também tomei conhecimento da morte de outra pessoa por quem nutria algum ou muito afeto, "Piolho", um dos flanelinhas aqui da minha rua. Estou profundamente triste. Isso não aconteceu hoje, parece que já faz semanas e me perguntei "como ninguém me falou sobre is
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Culpar, responsabilizar e punir: a naturalização das violências contra as mulheres

Eu fico me perguntando até quando tudo que tem a ver com os corpos das mulheres será tão público, tão polêmico e tão pertencente aqueles que parecem que são os detentores dos nossos corpos, das nossas vidas. No patriarcado é assim. Ditam o que nós podemos e não podemos fazer e paradoxalmente é nessa mesma estrutura patriarcal e machista que todos os problemas que são comuns as mulheres são privados: é um problema dela, uma responsabilidade dela.  Se ela engravida (em qualquer idade), não pode abortar porque é crime. Se ela se torna mãe ainda que adolescente, "tudo bem, ela vai dar conta, vai ter que amadurecer cedo e se privar de algumas coisas". Se ela sai de casa e abandona o marido agressor, ela está destruindo a família e já que decidiu isso "ela que se resolva". Se ela fica em casa sendo violentada diariamente, é um problema do casal, "ela deve ter os motivos dela". E sempre será assim: a vida das mulheres (em todos os seus ciclos) é uma questão públi

Não é sobre o SUS

O conceito de saúde como um completo bem-estar físico, mental e social é insustentável e inalcançável. As pessoas tem muitos problemas, a maioria das pessoas, pelo menos do nosso país, jamais alcançará a saúde tendo como pressuposto "um combo" de saúde física, mental e social, porque a maioria das pessoas do nosso país não tem a garantia de acesso ao suprimento de necessidades humanas básicas, como por exemplo, alimentação.  Alimentação de qualidade, moradia digna, saneamento básico, renda, acesso à educação, lazer e esportes é o mínimo que a maioria das pessoas do nosso país sonha em desfrutar plenamente. Ninguém quer morar em palafitas ou em barreiras. Todo mundo quer pelo menos três refeições ao dia, comer carnes, frutas, legumes, verduras. Não tem quem não queira viver em um ambiente com água encanada e potável, sistema de esgoto, um ambiente saudável. As pessoas de todas as idades se tiverem oportunidade querem aprender, ter acesso ao ensino formal e profissionalizante.

"a busca pelo amor continua, apesar das improbabilidades"

Li essa semana "a busca pelo amor continua, apesar das improbabilidades" e era tudo que eu precisava ler. Apesar de todas as contradições, decepções experenciadas, cansaço, todo mundo quer amar e ser amado e feliz. E parece que a ideia de ser "feliz pra sempre" com alguém é realmente boa e pode ser verdade. Faz sentido e dá mais sentido à vida. Não tô falando puramente do amor romântico, esse pra existir e resistir precisa mesmo de estar inserido em mil outros contextos favoráveis que nessa vida dura e cruel que a gente leva é idealização de gente que tá começando agora.  Eu tô falando de encontrar alguém de verdade pra viver a vida real, que você olhe e tenha certeza (não que é o amor da sua vida, pode ser, a gente quer que seja, mas) que é uma pessoa que dá pra conviver saudavelmente porque consegue basicamente entender o que ela te diz, porque vocês concordam nas questões mais importantes da vida (o jeito de ver a vida) e porque vocês dois estão dispostos e dispo

24 de fevereiro.

Ele é a trilha sonora que eu quero sempre ouvir. O "caso raro" achado. O cheiro bom que gruda na pele. O caos instaurado. A tranquilidade de uma manhã de domingo. A voz mansa que me atiça. O toque que dá choque. A energia que transcende. A playlist de filmes nacionais. Uma conversa sobre qualquer assunto. O sorriso mais bonito. A risada que encabula. O pisciano sonhador. O brasileiro do brasil. A promessa de verdade. O encontro feliz.

RESIGNAÇÃO

     Lembro que meu pai quando refletia sobre a vida sempre falava essa palavra, "resignação" que no dicionário significa "submissão à vontade de alguém ou ao destino", ele falava a palavra e explicava também e apesar de ser um significado parecido não era exatamente no sentido de completa "submissão", era no sentido que também achei aqui no Google "que aceita pacientemente algo", era isso que ele queria dizer. Ele queria dizer que nas adversidades da vida, todas que surgirem ao longo da jornada devemos "nos resignar", aceitar mas no sentido de enfrentar, viver aquele processo que está dado pra gente, engraçado que nunca falei sobre essa palavra/sentimento especificamente com ele nem com ninguém, mas escrevendo aqui agora parece que lembro disso dentro de mim o tempo inteiro, no meu subconsciente, sabe como é?     E também por ser os últimos dias do ano, sendo hoje véspera de natal já faz parte a gente parar um pouco pra fazer uma espéc

trabalhos e trabalhos

Vi meu pai e ainda vejo minha mãe fazendo trabalho braçal pra pagar as contas. Muitos trabalhos, meu pai serviços de dedetização, sendo dono de bar, vigilante, minha mãe bordando, revendendo avon, fazendo lanches, ofício que cumpre até os dias atuais. Me pego pensando nisso dentro da sala que trabalho com o ar-condicionado em 16 graus, onde passo as manhãs e as tardes realizando consultas de enfermagem na maior parte do tempo sentada fazendo avaliações, orientações, escutas. Refleti sobre esses trabalhos também uma vez quando entrei no elevador do plantão e comentei com a moça dos serviços gerais que eu tava sentindo frio, ela rebateu que "tava era com muito calor". Penso nisso o tempo todo, como um dia desses que vi um homem de manhã carregando sozinho no ônibus duas caixas de morango pra vender ou quando o marido de uma gestante que atendo não consegue se livrar de uma lesão que deve ser causada por fungos que com certeza veio do trabalho dele na Ceasa. Trabalho é trabalho