É até difícil organizar as palavras pra descrever tanta coisa que venho sentindo. É que os dias tem se tornado cada dia mais duros e pesados, como no início de abril do ano passado, nenhum de nós imaginávamos que poderíamos estar vivendo uma situação como essa, como disse uma colega (que perdeu a filha recentemente), parece um pesadelo, ou talvez como o inferno quem sabe. Sempre fui uma pessoa extremamente fragilizada emocionalmente, sinto muito por tudo e qualquer coisa, e o ofício de enfermeira em plena pandemia me enlouquece e me fortalece na mesma medida. Eu gosto de me comunicar com as pessoas não por obrigação, mas por livre e espontânea vontade, acontece que na maioria das vezes na visita aos pacientes, me faltam palavras, eu realmente não sei o que dizer ao senhor de 90 anos que no dia 31 de dezembro está sozinho num leito de hospital e que me diz que está sofrendo, ou ao outro senhor do leito vizinho que acabou de perder a esposa, ou a senhora que está com o filho entubado n