~ Melka ~

As pessoas morrem e apesar de eu ser espírita e sempre tentar me resolver com isso eu nunca vou me acostumar. Hoje fiquei sabendo que Seu Cabral "não está mais entre nós", fiquei e estou profundamente triste.  E quem é esse homem que hoje vira protagonista no meu blog? Seu Cabral era dono de uma empresa de ônibus em Petrolina, eu mesma, só o vi uma vez nessa vida, devia ter mais de 60 anos, tinha filhos e era casado, não sei quase nada de sua vida também. Eu só sei que ele foi uma das pessoas mais bondosas que já conheci.  A gente reconhece pessoas assim de longe, elas lembram até minha vó paterna, "vovó jovem", são pessoas que exalam bondade, simplicidade e humildade pelo olhar, pelos gestos, até pelo jeito de falar. Seu Cabral era um bom homem!  Tenho certeza que por ser tão bom sua missão terrena já deve ter sido cumprida e agora ele pode emanar sua bondade por outras dimensões. A lembrança da sua existência vai ficar na minha memória pra sempre.

Quero registrar aqui meus anseios e expectativas em relação a essa gestão da União dos Estudantes de Pernambuco - UEP Cândido Pinto ao qual terei a honra de dirigir pelos próximos dois anos. São muitos sentimentos e emoções misturados, não consigo nem pensar direito como começo a escrever, mas tá mais ou menos assim, estou muito feliz em ver que tantas pessoas confiam e gostam de mim de verdade, não me engano com essas coisas, os olhos e gestos falam mais que palavras bonitas e acredito verdadeiramente nessa galera que desde o congresso estão sendo a força que às vezes falta em mim. Estou um pouco assustada com a expectativa que colocam nessa gestão da UEP, isso vem muito da atuação que o DCE da UPE  ao qual presido vem conseguindo realizar, fruto de muita articulação entre as pessoas, muita dedicação, muito amor mesmo ao movimento estudantil e só eu sei o quanto está sendo gratificante, despertar nas pessoas a vontade e o interesse de fazer movimento é maravilhoso, dá gás novo pra

Em maio de 1968, o Sol nascia em todas as partes, não se podia distinguir o Oriente. A juventude era dona do mundo, seus sonhos ditavam as regras da vida, a luta era o elemento essencial, podia-se dizer que fazia parte da natureza, as mudanças, a revolução eram o destino inevitável. Havia os fuzis das guerrilhas maoístas e guevaristas. A bandeira vermelha da foice e do martelo, com sua estrela de cinco pontas, estava ainda em mãos seguras. Depois, mesmo que nem tudo estivesse perdido, parecia que o sonho acabou. A revolução foi adiada, mas irrompeu nos comportamentos. “Peace and Love”, “All we need is love”, eram os novos cantos, embalados por guitarras elétricas, expressões de sonhos de maconha e LSD. Havia ainda esperança, algo ainda se gestava, a juventude era ainda protagonista de sonhos e lutas. O sol de Itamaracá não tinha ainda nascido quando o muro europeu se estilhaçou e a praça chinesa virou campo de batalha entre tropas, tanques e jovens desorientados. Quem viveu com

"Deja Vu" significa ter a impressão de algo que já aconteceu quando está acontecendo, deja vu: já visto, reencontro com o passado. Já faz algum tempo, tava na praia, 31 de dezembro de 2012 e encontrei meus amigos antigos daqui de Itamaracá e de repente, começou a rolar uma confusão de maloqueiros e um dos briguentos era um menino, acho que tinha uns 17 anos e ele falava com raiva nos olhos, tanta que o deixava cego.  E eu que já tive há alguns anos atrás tantos amigos parecidíssimos com ele, pra mim aquele momento era como um DEJA VU!  Eu já tinha vivido aquilo diversas vezes e já sabia o final daquela história, drogas, prisão, caixão, ou qualquer coisa parecida e como uma louca, me senti responsável por mudar pelo menos aquela história, pelo menos uma vida, eu olhei pra ele e pedi pra ele ter calma, disse que ele era muito novo e que ainda tinha tempo dele sair dessa. Louca mesmo, pois ele nunca tinha me visto na vida!  Fiz o que pude, mesmo assim me senti de mãos a

Me despedi do meu pai e saí de casa sem dia pra voltar e ele olhou pra  mim com olhos de saudade . Cuidei de uma senhora com o maior cuidado do mundo que estava doente na enfermaria e ela olhou pra mim com olhos de agradecimento e ternura . Falei coisas bonitas ao rapaz que beijava, disse que ele era muito especial pra mim e ele me olhou com olhos de amor . Gritei com uma criança só porque ela quebrou o porta-retrato novo que tinha comprado e ela olhou pra mim com olhos de medo . Discursei pra milhares de pessoas que podemos mudar o mundo se caminharmos juntos e todos olharam pra mim com olhos de esperança . E em todos esses momentos eles não me falaram nada disso, mas quando se olha nos olhos , a gente sabe o que o coração quer dizer. 

Eram jovens e não se conheciam há muito tempo, mas se sentiam íntimos como dois amigos de escola que se veem quase todos os dias e compartilham experiências da vida. Altas horas da noite se encontraram e foram pra o lugar mais alto da cidade, de lá de cima viam as luzes das ruas e avenidas que refletiam em brilho nos olhos deles, o vento frio e sereno batia no rosto dos jovens enquanto consumiam cana e bis. O mundo acabava e começava ali, bem ali naquele banco de terra em que os dois estavam sentados e falavam da vida com palavras que transbordavam esperança. A felicidade que invade o coração dos homens invadiu tão serena quanto o vento o coração daquele casal que só queria viver aquele momento. A cana e o bis acabaram e eles foram embora, dormiram juntos e em paz, amantes da vida e dos momentos.

Depois que volto do Congresso Nacional da UNE, volto cheia de certezas e verdades, bem perigoso por sinal, mas esse sentimento nos torna mais pulsantes e revigora as energias. Assim como falamos no discurso, que é um momento de renovação nas pautas do movimento estudantil nacional, é mais ainda dentro de nós, é quando a gente percebe que não tá sozinho na luta e que nada é em vão.  Ouvir militantes que foram reprimidos na ditadura militar falando sobre a combatividade de outros jovens que estão desaparecidos até hoje por terem sido bravos guerreiros me deixam arrepiada e emocionadíssima. É quando tenho plena convicção que esse bando de loucos que eu me junto todo dia pra tentar mudar o mundo estão nessa por que amam esse país e principalmente esse povo que tem sede de ser mais.  Como disse nossa Presidenta recém eleita, Vic Barros, somos movidos pelo mesmo sentimento de mudança que moveu os líderes de 70 e seja lá em qual foi o ano, a diferença é que estamos na luta do nosso t

Sou amor todas as horas, amor por estar viva e poder viver, e por amar tanto me perco no meio de tanto amor. Se vivo um dia, no dia seguinte já sinto falta do que vivi ontem, mudanças me deixam profundamente abalada, por que mudanças trazem saudade. Na minha Ilha, por exemplo, Itamaracá, onde tudo pra mim é poesia, tudo se torna nostalgia também, não tem como eu andar pelas ruas de Jaguaribe e não lembrar do meu avô, de avistá-lo de longe nas procissões ao encontrar o seu chapéu no meio da multidão. Ouço algum parente distante contando histórias da minha terra tão linda e de repente sinto saudade do que nem vivi.  E pra não me alongar muito nesse meu momento introspectivo, outro exemplo muito mais próximo é a atual gestão do DCE, um dia desses tava olhando o perfil do facebook, olhando as fotos, acreditem, já estou morrendo de saudade. Não adianta, sou nostalgia do ontem, do hoje e do que virá amanhã. Sou nostalgia porque amo o agora e amo sem pressa

Tava com medo um dia desses de algumas conclusões que tirei, tava percebendo que achava muito melhor quando tava sozinha, sem ninguém pra me aperrear o juízo que não tenho. O medo veio de achar que bom era ser só, mas na verdade percebi que não é ser sozinha, odeio inclusive, quem me conhece sabe que prefiro muito andar em bando, o que eu gosto é de ser livre.  Livre pra não ser de ninguém e ser de todo mundo como diz na música. Minha liberdade é solta e sai de casa sem avisar pra onde vai e o que vai fazer, não tem garantia de nada, nem fiador. Ela é assim, livre... Meu pai que me fez assim, desde pequena ele sempre fez questão de me deixar por aí, mas nunca à toa, agradeço a ele por ser quem eu sou, esse ser tão doido que não tem juízo, mas que pensa.  Ah, minha liberdade, minha vida, minhas escolhas, minhas histórias, minhas loucuras, meus romances, minhas amizades, meu amor, minhas lágrimas, meus sorrisos, tão livres, tão eu, enfim, sou minha liberdade!