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Mostrando postagens de 2017

De qual projeto você faz parte?

Karl Marx, aquele barbudo legal que não é papai noel enxergou com clareza do que se nutria as relações sociais: "a história da sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes". Obrigada, Marx, por nos ajudar a ler o mundo com seus olhos. A nossa história é luta de classes, de oprimido e de opressor, de patrão e trabalhador, de esquerda e de direita! Cada lado tem um projeto de sociedade e eu preciso te perguntar de qual projeto você faz parte no meio dessa conjuntura de ódio, de desesperança, de infelicidade. Não se enganem, chegamos onde estamos porque nós, que sempre perdemos historicamente, que sempre sofremos e ganhamos a vida a vendendo na base do suor, começamos a ter mais força: elegemos um projeto diferente em 2002, entramos nas universidades, empoderamos as mulheres com programas sociais, tínhamos empregos, conquistamos a perspectiva de sermos mais felizes, esse projeto foi golpeado com o impeachment ano passado e de lá pra cá estão acabando com nos

o nego, minha menina, meu velho, a senhora, o avô, a vida

O nego chegou de manhã me beijando com gosto de cachaça, dizendo que me ama, enchendo a mão de peito. Depois acordei com a menina dos meus olhos chorando e sorrindo, me pedindo o colo que é só dela. Meu velho depois me ligou falando com voz alegre que conseguiu a aposentadoria e que a vida ia melhorar. No caminho do trabalho uma senhora desconhecida me fez renovar a esperança na bondade das pessoas aleatórias, mas no final do dia o avô do nego (quase pai) se despediu da nega veia, das filhas, dos netos, dessa breve vida depois de muita dor, ele sabia que viver era bom e não queria ir, mas quando a hora da partida chega, a gente só tem que ir. Fechei os olhos e agradeci ao nego, a minha menina, ao meu velho, a senhora desconhecida, ao avô por me fazer sentir a vida. Porque o que vale na vida é a mão no peito, minha menina no colo, meu velho feliz, a fé na bondade das pessoas, a certeza que a vida finda mas que a gente ainda tá aqui.

ronco do meu pai e reza da minha mãe

Vinícius de Moraes em uma crônica de homenagem a seu pai disse que “quem nunca teve um pai que ronca não sabe o que é ter pai”, eu não sei em que momento da vida eu entendi o que era ter pai, mas desde que me entendo por gente sei que o ronco que ouvia do quarto ao lado era dele. Meu pai, que não é novo nem velho, mas já viveu dois infartos pra contar história, sempre precisou cuidar da saúde, por mim e pelo meu irmão ele já se dedicou diversas vezes, mas já desistiu também pela justificativa de que a vida precisa ser vivida e eu embora concorde, queria que ele se cuidasse também, pelo menos o suficiente pra que não tenha mais nenhum infarto e que nada de mal lhe aconteça e que viva pelo menos uns 200 anos, bom, em uma dessas necessidades de muito cuidado, nada era mais angustiante do que passar na porta do quarto e não conseguir ouvir o ronco dele, eu ficava na porta, pregava a orelha e até prendia a respiração, só saia de lá e conseguia respirar de novo quando ouvia o confortante ro

pariu, bateu, que balance

"Quem pariu e bateu, que balance!" ouvi essa expressão pela primeira vez da minha finada avó materna, ela pariu, bateu e balançou dez filhos. Desde que Loreta nasceu pessoas me perguntam sobre um texto de relato sobre a experiência de mãe, talvez por demorar a entender a rotina da maternidade e de como esse mundo funciona, ou até por precisar viver um pouco mais de tudo pra poder falar sobre, eis que surge o requisitado texto, requisitado principalmente pela minha necessidade de denunciar, de desabafar, de falar, de gritar sobre o puerpério, sobre o que acontece depois de parir. A natureza, a ciência, deus, não sei, mas em algum desses fóruns foi decidido que a mulher seria responsável por gestar uma nova vida até ela estar pronta pra vir ao mundo e que essa nova vida se nutriria da mulher pra sobreviver, parir e amamentar é uma exclusividade da mãe ( entenda, parir e amamentar, o resto não só pode como se deve dividir ). Mas a sociedade, a desigualdade de gênero, as le

reviravolta

da primeira vez que dediquei linhas neste mesmo espaço ao maldito escorpiano não imaginava que minha vida seria colocada de cabeça pra baixo, hoje depois de um tempo que nunca foi contabilizado ao certo, tenho plena consciência da reviravolta que o meu mundo deu. astrologia, macumba, nem simpatia tem a ver com nós dois, somos feitos de racionalidade e pitadas de poesia como sempre quis e nunca sonhei, depois que você escolhe racionalmente alguém é fácil respirar fundo e fazer balanços diários do que realmente vale à pena, nós valemos à pena e ainda que os 4kg mais preciosos da vida da gente seja a causa, ela não tem nada a ver com o que tô falando. tô falando de ficar te olhando dormir e te achar tão bonito quanto aquele sorriso em frente à lagoa que é só meu e guardo a sete chaves na memória do meu computador, tô falando disso e de tantas outras coisas que valem à pena e que são só nossas e que dispensam registro... foi sem dúvidas a melhor reviravolta da minha vida, ela me trouxe al