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elementar

Deito no teu peito e fico cheia, transbordo, existe ali alguma proteção de que o encaixe que faz demonstra que tenho um lugar pra repousar. Me perco no tempo-espaço, me desconecto e tanto faz se era aqueles dias que não se tinha tantas responsabilidades, se é dia de hoje, existe algum conforto de me perder nesse deitar. A vida é pesada, Lúcio. Ela é uma luta constante. Ela é uma corrida. Ela é amarga. Ela é cruel e tinhosa. A gente tem é que ser artista, fazer poesia, fingir demência, deitar no peito e respirar. Sinto teu cheiro e sossego, flutuo em alguma leveza de estar ali, não importa o caos, não importa as taças quebradas, não importa o perigo das ruas à noite. A vida é muito pesada, Lúcio. 
A vida é bem pesada, precisa decantar o que é elementar. Deitar no teu peito é elementar. Me encaixar no teu corpo é elementar. Sentir teu cheiro é elementar. Fingir demência é elementar. O resto não é elementar. Te amo, Lúcio.

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