Pular para o conteúdo principal

reunião on-line da UBM


As reuniões on-line são nossas alternativas para tentar dar seguimento as demandas do trabalho, militância, da vida escolar e acadêmica, da vida real. Objetivamente são para isso, para que as coisas não parem, subjetivamente, para nós pobres mortais, pode ser sinônimo de reencontros, de companhias, de afagos. Tão bom ver quem a gente gosta nesses tempos mesmo que pela telinha, claro que nada jamais superará o abraço apertado de ver quem se gosta, mas ajuda a aliviar um pouco, concorda? Pois bem, hoje tivemos reunião da União Brasileira de Mulheres (UBM) de Pernambuco com dirigentes nacionais e subjetivamente falando, foi assim que me senti. Que bom saber que ainda estou com vocês.

No movimento estudantil adorava ouvir as falas de Iana e Wilma, inclusive as conheci assim, fazendo fala juntas em um congresso da UEP em 2011, hoje pude reviver isso, já que somente agora estou me somando organicamente na UBM, senti alegria de verdade ao estar no mesmo espaço mesmo que virtual de mulheres tão aguerridas que admiro tanto como Verônica, Rita, Socorro, Lau, Amélia e com Vanja, nossa presidenta nacional, a primeira vez que a vi militando foi na Conferência Nacional de Saúde em Brasília ano passado, ela tomou conta do plenário convocando todas as mulheres reunidas ali pra cantarem "companheira me ajude que não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor" foi de arrepiar, foi lindo e emocionante. 

Uma reunião on-line me fez reviver essas emoções ao reencontrar essas pessoas. Eu não queria falar nada, até ouvir Diandra, ela me inspira na UBM, ela sempre faz menção a nossas honrosas camaradas como Rosinha, Adnilza, Márcia, e acredito que estar na luta é isso, cada geração tem um papel a cumprir e Diandra sendo uma das principais referências pra mim, indica que cumpre bem o dela, assim como Paulinha Falbo, assim como Zanzul, assim como Géssica que acabou de chegar e traz o olhar de fora e cuidadoso que a gente já perdeu por estar imersas nisso tudo a um tempinho. Que bom estar com vocês no meio do caos.



Bom, mas o que eu queria falar lá, além disso claro é que a UBM enquanto entidade também tem um grande papel a cumprir, a UBM precisa ser popularizada, sabe por quê? Por que depois da que algumas pessoas chamam da "primavera feminista" em que as meninas, adolescentes e mulheres mais jovens tem se reconhecido cada vez mais como feministas, nós precisamos achar essas mulheres porque elas se dizem feministas e QUEREM SE ORGANIZAR e existem outras mulheres, as mulheres marginalizadas, que nem sabem o que é o feminismo, mas que PRECISAM SE ORGANIZAR, porque precisam do feminismo pra se libertar das amarras que as oprime escancaradamente e silenciosamente e elas nem tem consciência.

E na conjuntura atual que vivemos que através do recorte de gênero podemos afirmar empiricamente que são as mulheres as mais vulneráveis no enfrentamento à pandemia, por chefiarem a maioria das famílias e consequentemente serem responsáveis pela renda através de vínculos precarizados na maioria dos casos, precisamos dizer a essas mulheres que estamos arrecadando alimentos e distribuindo por isso, por que entendemos isso e em ano de eleição municipal, que vamos escolher novos representantes para a cidade, a pergunta que temos que provocar junto a essas mulheres é "qual a cidade você quer pra viver?" e precisamos apresentar pra elas quais projetos eleitorais respondem essa pergunta.

Vejam, todos os dias somos engolidas por "n" novas pautas, acontece muita coisa o tempo todo, porque tem muita coisa pra mudar mesmo, mas precisamos não esquecer de dar atenção a nossas pautas históricas e estruturantes: queremos creches pelas crianças e pelas mães, queremos empregos dignos para as mulheres trabalhadoras, queremos acesso à educação com assistência estudantil e garantias de permanência nas escolas e universidades, queremos políticas públicas que inclua as minorias nos planos de governo e precisamos falar disso agora, principalmente nas nossas redes sociais, maior instância de atuação no momento.

Estamos organizando espaços importantes como o Clube Feminista todos os sábados virtualmente para as mulheres que QUEREM SE ORGANIZAR, mas esse espaço não atinge as mulheres que PRECISAM SE ORGANIZAR, devido a falta de acesso à internet e demais tecnologias, e agora que precisamos ficar em casa o que temos que fazer é fortalecer espaços como esse pra montar e formar um grande time da UBM pra que as mulheres organizadas adquiram a consciência e possam se sentir responsáveis por irmos juntas em busca daquelas que precisam que nós as encontremos e vamos encontrar, aos poucos, mesmo que lenta e gradualmente, porque a revolução feminista é um caminho sem volta, obrigada por hoje, companheiras.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

o cronômetro da mãe solo

22:30 e ainda estou lendo agenda escolar (eu achava que hoje daria pra terminar a leitura daquele livro que eu queria tanto, mas hoje mais uma vez não deu, tento desde o ano passado), nela encontro além dos 10 trabalhos de casa para serem entregues nos próximos dias, mais uma demanda que precisa ser cumprida sob pena de eu ser condenada como uma mãe descuidada, afinal é só uma guloseima pra comprar e entregar na escola, coisa super simples. 22:30 e desde 05:30 não paro de cronometrar o tempo (assim como todos os dias), até 06:30 eu e todas as bolsas precisam estar prontas, mas nunca estão (são pelo menos 5 bolsas que precisam ser checadas todos os dias antes de sair, com vestimentas, refeições, acessórios, materiais de trabalho), 06:30 é hora acordar a princesa para ela estar pronta até 07:00 e ela nunca está, a meta é sempre sair pelo menos 07:15 e incrivelmente tem dias que eu consigo. No trabalho avalanche de demandas, mato todas no peito, sei fazer tudo, sou boa em fazer tudo que f...

uma crônica para piolho

Se Miró ainda tivesse vivo, adoraria encontrá-lo para dizer que é verdade que "janela é danada pra botar a gente pra pensar", mas que tem outra coisa que faz a gente pensar demasiadamente sobre tudo: a danada da morte. Hoje completa 10 anos que Eduardo Campos morreu de forma trágica, um homem público, defensor dos direitos do povo, bom gestor e bom político, sua memória resgata em nós o legado deixado, João Campos por exemplo é o seu legado vivo e em ação. O povo pernambucano nunca irá esquecê-lo, nunca vamos esquecer de 13 de agosto de 2014 quando a notícia ruim correu o Brasil como rastro de pólvora e nos enlutou imediata e profundamente. Grande perda, comemoremos sempre sua vida e seu legado.  E hoje também tomei conhecimento da morte de outra pessoa por quem nutria algum ou muito afeto, "Piolho", um dos flanelinhas aqui da minha rua. Estou profundamente triste. Isso não aconteceu hoje, parece que já faz semanas e me perguntei "como ninguém me falou sobre is...

meus oito anos

       Tenho impressão que me lembro de quase tudo que aconteceu na minha vida dos meus 08 anos de idade pra cá e com muita certeza não me lembro de tanto, mas guardo algumas memórias pontuais do que vivi antes dessa idade, não sei se por que com 08 anos eu tive minha primeira mudança de cidade, de escola, de amigos e isso me fez "acordar pra vida", ou se realmente foi a idade, não sei se na verdade esse marco tem a ver com o poema de Casimiro de Abreu, lembro como se fosse ontem de quase tudo que aconteceu na minha vida depois dos 08, inclusive eu recitando tal poema para os meus pais (ainda lembro dos rostos deles achando graça e do som do riso do meu pai): "Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!"      E tenho a impressão também que com 08 anos eu achava que sabia de tudo (eu s...