Pular para o conteúdo principal

mulheres de contraponto

Nós, feministas emancipacionistas, construtoras do feminismo popular nas nossas lutas e tarefas diárias, neste momento de 3ª Conferência sobre a Emancipação da Mulher do PCdoB, nos diferenciamos das demais companheiras feministas pela compreensão que acumulamos sobre o processo determinante de construção do machismo estruturado na nossa sociedade, através da questão econômica e social, entendendo também os demais condicionantes de vulnerabilidades.

Entendemos que a origem da opressão de gênero está no surgimento do capitalismo e com ele da propriedade privada, os quais consolidaram o papel da família e da mulher como protetores e mantenedores dessa propriedade, esta é a base estrutural do machismo nas relações sociais. E a partir dela perpetuam-se as concepções por exemplo, que a mulher é parte da propriedade do homem, e se é vista como tal é "permitido" sermos violadas, violentadas e mortas por nossos companheiros e também nasce a concepção que o trabalho da mulher é de cuidado na esfera do lar, e se esse trabalho não gera riqueza, não tem nenhum valor.

As mulheres comunistas, conscientes e posicionadas na luta contra todas as consequências que o machismo traz para as nossas vidas, sempre denunciamos e nos organizamos para nos libertarmos das desigualdades econômicas, sociais, sexuais, políticas e jurídicas que estamos permanentemente submetidas, e neste momento de pandemia em que se revelam todas as crises e contradições da nossa sociedade, como sobre o transporte público, o sistema de saúde e a educação, se revela também a posição de vulnerabilidade que a mulher ocupa enquanto ser social.

O lugar que ocupamos na pandemia é o de vítimas pela violência de gênero, que nos mata diariamente, a violência doméstica e o feminicídio são notícias comuns no nosso dia a dia desde o início da pandemia, somos a primeira escolha também das demissões nas empresas e redução dos salários. As mulheres que podem trabalhar remotamente, trabalham em casa, cuidam de filhos e realizam tarefas domésticas, estão completamente sobrecarregadas. Na linha de frente contra a COVID nos serviços de saúde, também estamos lá, cuidando da nossa gente, através de vínculos precarizados e salários baixíssimos.

Muitas companheiras estão desesperadas por políticas de proteção social, sem renda e sem trabalho para o sustento da família, seguem em frente sem perspectivas de dias melhores. No geral, estamos todas adoecidas mentalmente, exaustas e tristes.

Minhas camaradas, essas mulheres precisam de nós que temos consciência sobre a situação que estamos e o papel do feminismo popular para reverter esse quadro. Sabemos bem que somente a derrota do presidente Bolsonaro nos trará condições concretas de lutarmos pela vacina, por politicas de assistência social e pelo emprego para todos e todas. Bolsonaro é incompetente e inoperante, não sabe apresentar soluções para trazer dignidade para a vida do povo e nós precisamos nos apresentar enquanto contraponto, fazendo contra-ataque.

Precisamos fazer com que nossas ideias e anseios ecoem e sejam ouvidas pelas mulheres periféricas, trabalhadoras, mães, negras, trans, lésbicas e todo o conjunto de mulheres que estão em situação de risco, ou não, nem que seja com megafone nos ônibus, metrôs e integrações lotadas, ou batendo de porta em porta para entregar um panfleto e recolher uma assinatura de abaixo-assinado para qualquer pauta nossa, precisamos falar, reunir, organizar e libertar.

Por isso, neste processo de Conferência, as mulheres do PCdoB precisam se colocar à disposição da luta feminista emancipacionista e pensar em formas de aglutinação de forças para a disputa eleitoral em 2022, através de campanhas e mobilizações populares que dialoguem com as necessidades das mulheres do povo. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"a busca pelo amor continua, apesar das improbabilidades"

Li essa semana "a busca pelo amor continua, apesar das improbabilidades" e era tudo que eu precisava ler. Apesar de todas as contradições, decepções experenciadas, cansaço, todo mundo quer amar e ser amado e feliz. E parece que a ideia de ser "feliz pra sempre" com alguém é realmente boa e pode ser verdade. Faz sentido e dá mais sentido à vida. Não tô falando puramente do amor romântico, esse pra existir e resistir precisa mesmo de estar inserido em mil outros contextos favoráveis que nessa vida dura e cruel que a gente leva é idealização de gente que tá começando agora.  Eu tô falando de encontrar alguém de verdade pra viver a vida real, que você olhe e tenha certeza (não que é o amor da sua vida, pode ser, a gente quer que seja, mas) que é uma pessoa que dá pra conviver saudavelmente porque consegue basicamente entender o que ela te diz, porque vocês concordam nas questões mais importantes da vida (o jeito de ver a vida) e porque vocês dois estão dispostos e dispo

24 de fevereiro.

Ele é a trilha sonora que eu quero sempre ouvir. O "caso raro" achado. O cheiro bom que gruda na pele. O caos instaurado. A tranquilidade de uma manhã de domingo. A voz mansa que me atiça. O toque que dá choque. A energia que transcende. A playlist de filmes nacionais. Uma conversa sobre qualquer assunto. O sorriso mais bonito. A risada que encabula. O pisciano sonhador. O brasileiro do brasil. A promessa de verdade. O encontro feliz.

uma crônica para piolho

Se Miró ainda tivesse vivo, adoraria encontrá-lo para dizer que é verdade que "janela é danada pra botar a gente pra pensar", mas que tem outra coisa que faz a gente pensar demasiadamente sobre tudo: a danada da morte. Hoje completa 10 anos que Eduardo Campos morreu de forma trágica, um homem público, defensor dos direitos do povo, bom gestor e bom político, sua memória resgata em nós o legado deixado, João Campos por exemplo é o seu legado vivo e em ação. O povo pernambucano nunca irá esquecê-lo, nunca vamos esquecer de 13 de agosto de 2014 quando a notícia ruim correu o Brasil como rastro de pólvora e nos enlutou imediata e profundamente. Grande perda, comemoremos sempre sua vida e seu legado.  E hoje também tomei conhecimento da morte de outra pessoa por quem nutria algum ou muito afeto, "Piolho", um dos flanelinhas aqui da minha rua. Estou profundamente triste. Isso não aconteceu hoje, parece que já faz semanas e me perguntei "como ninguém me falou sobre is