Li essa semana "a busca pelo amor continua, apesar das improbabilidades" e era tudo que eu precisava ler. Apesar de todas as contradições, decepções experenciadas, cansaço, todo mundo quer amar e ser amado e feliz. E parece que a ideia de ser "feliz pra sempre" com alguém é realmente boa e pode ser verdade. Faz sentido e dá mais sentido à vida. Não tô falando puramente do amor romântico, esse pra existir e resistir precisa mesmo de estar inserido em mil outros contextos favoráveis que nessa vida dura e cruel que a gente leva é idealização de gente que tá começando agora.
Eu tô falando de encontrar alguém de verdade pra viver a vida real, que você olhe e tenha certeza (não que é o amor da sua vida, pode ser, a gente quer que seja, mas) que é uma pessoa que dá pra conviver saudavelmente porque consegue basicamente entender o que ela te diz, porque vocês concordam nas questões mais importantes da vida (o jeito de ver a vida) e porque vocês dois estão dispostos e disponíveis a serem um par. Parece que a receita básica é essa, tão simples e tão difícil de achar. Quase um caso raro.
Vivemos sempre sobrevivendo em meio às demandas caóticas da vida e acabamos nos condicionando dentro da nossa subjetividade a experimentar necessariamente relações cada vez mais líquidas. A gente tá tão condicionando ao individualismo, ao cada um por si, que ao pensar na possibilidade de uma relação a dois, a gente coloca muitas coisas na balança porque parece ser mais uma coisa difícil para administrar na vida, porque parece que tudo que a gente faz é projeto de vida que precisa de sistematização e organização e aí preferimos não nos envolver tanto ou de verdade, ficar no raso é mais seguro, colocamos a relação numa caixinha de "relacionamento amoroso" que se der defeito, a gente pode descartar a qualquer momento e pronto, resolvido, próximo.
Por isso é cada vez mais difícil pensar e acreditar que podemos "ser felizes pra sempre", que podemos encontrar alguém que você possa compartilhar as ideias sobre a vida, planejar os projetos de vida em conjunto, abrir mão de idealizações pessoais sobre o modo de viver, se permitir idealizar desejos do parceiro/parceira, trocar. E não tem como dizer se é assim pra todas as pessoas, mas acredito que com tanta gente nesse mundo a gente só precisa estar disposto para a arte dos encontros, continuar buscando pelo amor apesar de todas as improbabilidades e principalmente não se enganar, não aceitar aquilo que não é pra gente e não nos faz bem de verdade.
Afinal o amor real que dá leveza a vida é honesto, corajoso, profundo, generoso e pode ser romântico também.
Escrita inspirada pela leitura de "tudo sobre o amor, novas perspectivas" de bell hooks.
Amei, minha camarada linda. Me encontrei no teu texto
ResponderExcluirSó é possível praticar o amor verdadeiro quando vemos as partes não tão admiráveis de alguém e conseguimos ter um olhar humano e solidário, nem sempre teremos reciprocidade nisso. E o felizes pra sempre não precisa ser formando um par; amigos, família e outros podem significar o nosso felizes pra sempre. É preciso construir.
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