22:30 e ainda estou lendo agenda escolar (eu achava que hoje daria pra terminar a leitura daquele livro que eu queria tanto, mas hoje mais uma vez não deu, tento desde o ano passado), nela encontro além dos 10 trabalhos de casa para serem entregues nos próximos dias, mais uma demanda que precisa ser cumprida sob pena de eu ser condenada como uma mãe descuidada, afinal é só uma guloseima pra comprar e entregar na escola, coisa super simples. 22:30 e desde 05:30 não paro de cronometrar o tempo (assim como todos os dias), até 06:30 eu e todas as bolsas precisam estar prontas, mas nunca estão (são pelo menos 5 bolsas que precisam ser checadas todos os dias antes de sair, com vestimentas, refeições, acessórios, materiais de trabalho), 06:30 é hora acordar a princesa para ela estar pronta até 07:00 e ela nunca está, a meta é sempre sair pelo menos 07:15 e incrivelmente tem dias que eu consigo. No trabalho avalanche de demandas, mato todas no peito, sei fazer tudo, sou boa em fazer tudo que faço, mas hoje esqueci da música nas consultas de pré-natal e minha gestante adolescente entra e pergunta "cadê a música hoje?", achei que meu celular tinha dado defeito no som e esqueci completamente de colocar pelo youtube no computador, o dia tava tão cascudo e eu tava tão durona que enfrentei atender sem música e nem percebi, ainda bem que ela me lembrou. À tarde atendendo outra paciente comentando sobre o carnaval com a cria e ela reclamando sobre ausência paterna falei que comigo era ainda pior e ela então sorriu "mães solos né?" sim, mães solos, só mães solos sabem, outras mães/mulheres podem até imaginar, mas só nós sabemos a dureza que é ser a gente, por isso ela sorriu, pelo encontro mesmo. Saí às 07:20 da escola dela prometendo um pix de 5 reais pra cantina, ficava lembrando na mente o tempo inteiro, mas no segundo seguinte adiava porque tinha tanta coisa pra fazer, lembrei pela última vez às 15:30, eu sabia que tava atrasada e então liguei "o que foi, mãe? a hora do lanche já passou" e me sentindo completamente culpada mesmo que estivesse tudo bem garanti, "amanhã mamãe faz o pix tá?" perto da hora de largar lembrei que sendo hoje o retorno do judô com novo professor nada melhor do que eu estar presente pra assistir, mesmo que tivesse tanta coisa em casa pra fazer (eu teria 1h30min livres pra fazer qualquer coisa em casa), mas talvez quisesse compensar a ausência de ontem na homenagem das mulheres, cheguei minutinhos depois que acabou, atrasada e encontro ela chorando porque a mãe dela não tava, vamos então ao judô, tô com tempo livre pra isso e foi um retorno ótimo, minha menina incrível gosta tanto de fazer tudo que faz. Depois disso ela não quis minha companhia, preferiu a amiga, tudo bem agora posso ir pra casa correr com as tantas coisas que quero fazer antes que dê 21:00 (no relógio contava mais de 18:30), queria fazer um bolo e adiantar um dos trabalhos da escola, mas vi a pia cheia, roupas pra tirar do varal e dobrar, as bolsas espalhadas, a água da peixa dela pra trocar e o pote de ração pra lavar e foram aparecendo outras coisas miúdas pra fazer enquanto eu jogava conversa fora no whatsapp. Tinha que buscar ela antes que desse 21:00 porque 21:00 é minha meta de nós duas dormirmos, mas eu também nunca consigo, mandei pro banho, dei comida, foi pra tela, quando vi tinha adormecido, nem pediu meu braço hoje devia estar cansada, então eu consegui ler a agenda às 22:30 mas eu ainda tinha tanta coisa pra fazer, queria tanto fazer um bolo.
Tenho impressão que me lembro de quase tudo que aconteceu na minha vida dos meus 08 anos de idade pra cá e com muita certeza não me lembro de tanto, mas guardo algumas memórias pontuais do que vivi antes dessa idade, não sei se por que com 08 anos eu tive minha primeira mudança de cidade, de escola, de amigos e isso me fez "acordar pra vida", ou se realmente foi a idade, não sei se na verdade esse marco tem a ver com o poema de Casimiro de Abreu, lembro como se fosse ontem de quase tudo que aconteceu na minha vida depois dos 08, inclusive eu recitando tal poema para os meus pais (ainda lembro dos rostos deles achando graça e do som do riso do meu pai): "Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!" E tenho a impressão também que com 08 anos eu achava que sabia de tudo (eu s...
Querida e amada Melka, tão bom te ler. Fui mãe Solo por um bom tempo e sei disso e das tuas palavras tão bem ditas! Bjs CidaPedrosa
ResponderExcluirVocê é uma mãe maravilhosa nem sempre o nosso planejamento da certo. Um dia de cada vez sempre tentando construir o melhor
ResponderExcluirQuero deixar meu abraço forte em
ResponderExcluirVocê, uma grande mãe e mulher que tenho admiração.
Você enfrenta lutas diárias e sempre sai vencedora,
Mas esse texto de hoje, me preocupou muito.
Vou ficar mais perto de tiii minha amiga.
Te amo demais ♥️💐