72h pra você me chamar de louca e eu te chamar de louco, 72h pra eu fechar a janela quando o fogo tiver aceso e pra você abrir, 72h pra gente trocar de lugar várias vezes na cama na mesma noite, 72h pra gente se desencontrar por uns minutos e a 3ª guerra mundial quase começar, 72h pra eu ficar enjoada pelo menos por 48, 72h pra gente morrer de preguiça e ter coragem de subir ladeira pra dançar forró, 72h pra te ver quase chorando quando o despertador toca, 72h pra ficar longe por um tempinho e morrer de saudade, 72h pra querer mais horas pra fazer cafuné, encostar a cabeça no peito, arengar por qualquer coisa e rir da vida.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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