Está chegando o dia de colocar o pé na estrada rumo ao 53º Congresso da UNE. Eu que faço parte do Diretório Central dos Estudantes, entidade que mobilizou os estudantes do sertão ao litoral e que vai levar a maior bancada da Universidade de Pernambuco dos últimos anos, me encontro muito feliz e ansiosa, não por mim, mas pelo prazer em convocar e levar tanta gente nova pra conhecer este grande espaço de encontro e troca de ideias da juventude brasileira. E o que acho mais bacana disso tudo, é o questionamento que algumas pessoas andam me fazendo em relação a UNE, a sua política, sua composição, então nada mais conveniente do que um texto pra esclarecer algumas coisas e colocar algumas opiniões.
A União Nacional dos Estudantes é a entidade que há mais de 70 anos está a serviço dos estudantes e da sociedade brasileira, protagonizando lutas ousadas na busca de profundas mudanças da estrutura vigente, na busca de uma país que tenha mais oportunidades para os estudantes e para o seu povo, ninguém pode negar, mas negam. Existe uma parcela do movimento estudantil que diz que a UNE não faz mais luta como no tempo da ditadura, que a UNE é uma entidade aparelhada do Governo Federal. Discordo, claro. Repito isso infinitas vezes e vou repetir quantas vezes forem necessárias quando usarem esse debate despolitizado com os estudantes, a conjuntura política no Brasil não é mais a mesma de antigamente.
Se antes a UNE saia nas ruas e lutava pra que a democracia fosse restabelecida no Brasil, hoje não é mais necessário. Se antes tínhamos a ditadura, ou até em um passado não tão distante, o Governo neoliberal de FHC, onde privatizava mais e o estado investia menos, hoje nós temos um Governo Progressista que teve início em 2002 quando os brasileiros elegeram um operário para Presidente do País e tem a continuidade com uma mulher, a Presidenta Dilma, vejam só de longe quantas mudanças. Governo esse que tirou milhões de brasileiros da miséria, que inseriu outros tanto no ensino superior com programas como o REUNI e o PROUNI e que dialoga com os movimentos sociais, como diz uma amiga minha: isso não é questão de opinião, são dados.
Se como disse anteriormente, a "conjuntura política" é outra é claro, é lógico que a luta deve ser de outra forma, com outro método, outra estratégia. Não sou governista, muito menos faço parte da esquerdalha hipócrita. Não sou cega e ainda vejo o quanto precisamos avançar pra ter a sociedade que tanto falamos e sonhamos, eu sei que muito jovem sobrevive do tráfico, sei que ainda tem muita gente na rua pedindo esmola, sei um monte de coisas, mas também não estou cega para os ganhos e é por isso que a UNE diz que enquanto houver tantas injustiças sociais a nossa principal e mais combativa arma será o investimento maciço em educação.
Por isso defendemos que 50% do fundo social do pré-sal, 100% dos royalties e 10% do PIB seja destinado ao setor e tantas outras coisas, não é balela, nossa luta é real, nós acordamos cedo, dormimos tarde, passando em sala de aula, conversando com os estudantes e os conquistando com nossa política, respiramos movimento estudantil e se tem gente que diz que a UNE não tá na sua Universidade a culpa é do seu DCE, seu DA/CA. A UNE como já ouvi o atual Presidente, Daniel Iliescu falando é cada entidade dessa que faz reverberar sua política e ponto final, se essas entidades não a reconhece, aí é que reside todo o problema, é igual a palavra de ordem "A UNE SOMOS NÓS".
Além disso ainda surge outra problemática. A composição da direção da UNE, esse debate levanta mais polêmicas que tudo, mas pra mim é tudo muito claro. Não sei há quanto tempo é assim, mas a direção da UNE é dividida por forças políticas (pelas juventudes dos partidos, embora a União da Juventude Socialista - UJS não seja partido, acho que já esclareci em outro texto) e a gloriosa UJS é acusada por aparelhar a UNE ao Governo e ocupar e nem sei se é isso mesmo, mas é o que a oposição vive repetindo, 70% da direção majoritária.
Pois bem, queridinhos da oposição e pra que fique claro pra os estudantes, é mais ou menos assim, se nós (UJS) tivermos 70% dos votos, teremos 70% dos cargos e se nós sempre conseguimos ter muitos votos é por que levamos muitos delegados e nós só levamos muito delegados porque é a militância da UJS que como já disse tem disposição pra acordar cedo, dormir tarde e passar nas Universidades da maior as mais pequenas pra convencer os estudantes da nossa opinião e fazer eleição para legitimá-los como representante da sua Universidade, só isso, o resto é intriga da oposição. Entende?
Em contrapartida, existe um parcela do movimento estudantil que acredita que a UNE no formato atual sendo composta por forças políticas (partidos como eles falam), faz o movimento estudantil perder sua essência e autonomia. Discordo mais uma vez. Já foi o tempo em que os jovens não podiam se organizar livremente em representações estudantis e em partidos, eram perseguidos, torturados e assassinados, essa geração morreu para que as gerações vindouras tivessem o direito à democracia e temos, portanto, esqueçam esse debate que já devia ter sido vencido, ele só enfraquece o movimento, a UNE, o DCE e os DAs/CAs devem defender o direito do estudante acima de qualquer interesse, se essas entidades não estiverem cumprindo esse papel cabe ao estudante apontar onde estão as discordâncias e garantir o compromisso da entidade.
No mais, não vejo a hora de chegar o Congresso de participar dos espaços com tanta gente massa, de beber de noite com meu povo, de conhecer um monte gente, de ouvir um monte de sotaques, de ouvir também tanta opinião diferente da minha e repensar a minha e mudar a minha, ou não. E claro, de eleger a pernambucana Vic Barros pra ser Presidenta da UNE. Simbora colocar o BLOCO NA RUA!
A UNE SOMOS NÓS, NOSSA FORÇA E NOSSA VOZ!
A UNE SOMOS NÓS, NOSSA FORÇA E NOSSA VOZ!
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