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DE UM ANÔNIMO QUE QUIS FALAR

Tinha 19 anos, fazia parte dos encontros vocacionais para entrar no seminário. Vivia envolto de misticismos e moralismos que eu queria que fossem o norte da minha existência. 

A castidade,  um dos preceitos da conduta moral católica,  dizia que não bastava não praticar sexo, também era considerado uma desordem gravíssima o ato da masturbação. 

Pois bem,  havia sido aceito para entrar no seminário,  estudar para ser padre. Fiquei extremamente feliz,  sentia o poder de Deus na minha vida.

Como contrapartida,  tinha que ofertar algo à Deus por ele ter me escolhido. Decidi que nunca mais na minha vida iria nem me masturbar. Daquele dia em diante,  só tocaria o meu pênis para urinar e para lavá-lo. 

Os primeiros dias foram muito fáceis, era tudo uma benção,  me sentia a pessoa mais casta do mundo.  

Ao fim da primeira semana,  comecei à me sentir tentando pelo satanás, pois estava acordando de pau duro como pedra, resisti. 

Na segunda semana passei a acordar no meio da noite com o pênis doendo de tanta vontade de ejacular. 

Na terceira semana já nem consiguia lavar o pênis sem ele ficar extremamente duro. Ficava chorando de tanta vontade,  mas não caia nos planos de satanás. 

Na quarta semana,  já nem conseguia dormir de tanta vontade de bater uma punheta. Fazia todas as orações possíveis,  suplicava a Deus que arrancasse aquela tentação da minha cabeça.  

Era como se tivesse um anjo e um diabinho rondando a minha cabeça, o anjo mandava eu resistir,  o capetinha mandava eu me entregar ao desejo,  que eu merecia, que uma punheta só não mataria a minha fé. 

De repente o anjo entrou em acordo com o capeta, disseram que eu não poderia tocar o pênis com as mãos, mas que não havia pecado algum se a ejaculação viesse sozinha. 

O anjo dizia que eu não poderia me tocar porque depois aquelas mesmas mãos levariam a hóstia a boca dos fiéis. 

Obedeci a ordem e deitei de bruços,  de modo que meu pênis estava tão ereto, que sem tocar nele com as mãos, apenas forçando-o contra o colchão, a ejaculação aconteceu. 

A razão voltou e o sentimento de culpa também,  mas amenizado por não ter tocado com as mãos. 

Pouco tempo depois entrei no seminário e descobri que aquilo era a coisa com que menos deveria me preocupar.

Ass. ICBS



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