Antes de te encontrar, o amor pra mim era aquilo que acontece só com o outro e nunca comigo, vivia um sentimento de espera por algo parecido, depois que te encontrei minha espera é pela tua volta. Olha, se eu pudesse materializar tudo que eu sinto em alguma coisa sólida e colocasse tudo dentro de uma caixa, não pensaria duas vezes antes de correr batendo na tua porta e juro que buscaria coragem de outro mundo pra olhar nos teus olhos e fazer apenas uma pergunta: "o que eu faço com tudo isso que ficou comigo?" Se não serve mais aos dois, também não serve a mim, mas "essas coisas" não me largam, continuam me acompanhando. Quantas vezes deixei a inspiração ir embora num suspiro de saudade como esse aqui e não registrei meus sentimentos em versos na tentativa de não pensar, matei versos e aprisionei vontades, agora talvez alivie um pouco. Tá vendo o que você fez comigo? Vivo numa permanente procura de formas de matar meu querer que mesmo sem nenhum alimento, ainda agoniza dentro de mim, já pensei em procurar casa espírita, na verdade já procurei, mas desisti de continuar o tratamento, pensei também em psicólogo, mas acho que nem ele me entenderia, a resposta tem que estar em algum lugar, preciso encontrar o que te mata, talvez seja você, acho que preciso que me diga alguma coisa que ficou faltando, não sei. Se eu pudesse mesmo materializar tudo que sinto em alguma coisa sólida, coisificar mesmo o que sinto, pode ter certeza que te entregaria tudo de volta, a caixa estaria cheia, cheia de decepções, frustrações, mas com certeza muito mais cheia de amor, um amor puro. Se eu pudesse coisificar tudo que sinto, você ia ver quanta coisa deixou pra trás, quanta coisa ficou comigo, sei que isso é impossível, mas ainda assim deixa eu te perguntar: "o que eu faço com o que ficou?"
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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