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Mostrando postagens de maio, 2020

14º plantão

Nos primeiros eu só sentia medo, receio, insegurança, antes de tudo porque nunca fui enfermeira de hospital, minha experiência é em unidade de saúde da família e alguma experiência em gestão na atenção básica. Então começar num hospital em um setor com pacientes suspeitos e confirmados de covid-19 me fez sentir algum medo. Era o que eu mais sentia, senti algum pânico na primeira vez que precisei me paramentar e entrar numa enfermaria, mas olhava para as técnicas que são responsáveis por todo o procedimento de administrar medicamentos, de dar banho no leito em quem não pode andar, as via serem obrigadas a tanta proximidade com a assistência que entendi que enquanto enfermeira do setor, eu não poderia cuidar apenas de burocracias e procedimentos que são privativos da enfermeira.  Assim como elas, eu tenho que estar ali, perto dos pacientes, um por um, saber das necessidades deles, ver as queixas, conhecer todos os rostos, confesso que nos primeiros plantões me esquivei um pouco diss

redes sociais, lado b

Estudando alguns meses pra um concurso, vi que todos os textos usados nas provas de português só falam sobre como andam as nossas relações, sim, as nossas, inclusive minha e sua que está lendo isso aqui. Na verdade fala de mais algumas coisas também que se relacionam de alguma forma, como as exigências que a gente enfrenta diariamente pra alcançar e ser sei lá o que, como a saúde mental das pessoas. Se misturar tudo, dá um bolo só. Os textos estão falando sobre isso, porque são os problemas que mais nos assolam e nos engolem. Eu gostaria de falar de tudo isso, e se tiver tempo para poesia e a escrita, me dedico depois a refletir sobre com vocês, mas queria redigir agora algumas linhas sobre as  redes   sociais  digitais especificamente.  Por duas vezes decidi me desconectar do instagram, facebook e da última vez, exclui meu whatsapp também. Eu queria compartilhar o sentimento de liberdade que dá. Eu pelo menos dedico sempre, quando estou inserida nas redes, alguma energia importan

o alento da música

Um dia desses no plantão noturno, começou na televisão o documentário que conta sobre a trajetória de Chico Science, fiquei tão energizada no momento que esqueci onde eu tava por minutos seguidos até ouvir o chamado constante e necessário "enfermeira". Ouvir música te transporta pra outro nível de consciência, transcende, vai além. A música faz a alma da gente vibrar. Enquanto assistia o documentário, lembrei do tempo que estagiava com frequência em hospitais e me perguntava por que não teria equipamentos de som ali, por que não tem música nos hospitais públicos? Sempre ficava pensando sobre isso, de como iria ajudar as pessoas internadas a manterem a mente com alguma sanidade, como poderia trazer instantes de prazer, alegria, ou reflexão, paz, sei lá, a música não tem limites. Então voltei a pensar, imaginar, se agora, em tempos de solidão que a pandemia do novo coronavírus traz aos que mais precisam, aos enfermos e enfermas que precisam de internamento, apesar de todas

dos legados da pandemia

Desde que vejo a fome e o desemprego assolarem as pessoas ao meu redor, como na comunidade que trabalho, entendo que não se pode esperar apenas por políticas públicas dos governantes, desde que foi aprovada a Emenda Constitucional 95 em que limita os "gastos" com direitos, como saúde, educação e assistência social, entendo que as lideranças políticas desse país que aprovaram essa barbaridade, não se importam com a vida das pessoas.  Entendo então que além de travar a luta política social para derrotar as forças que não representam as necessidades das pessoas, que deve ser fortalecida, nas ruas, quando podíamos estar nas ruas, nas redes, em todos os lugares, e na principal arena de luta, a consciência do povo, precisamos de mobilização em rede de apoio. Acredito que já faz um tempo que todas as entidades dos movimentos sociais, partidos políticos e figuras públicas, deveriam assumir a trincheira da caridade, da solidariedade. As pessoas que tem "fome de tudo"