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uma nação abandonada: sem vacina, sem emprego, sem auxílio

     O que mobiliza pessoas a construírem as lutas coletivas diariamente? Quando eu era presidente do DCE da UPE, conheci a história de uma menina da minha faculdade de enfermagem, estava ocupando a sua tão sonhada vaga na universidade pública, até que as condições não permitiram que ela continuasse, pois era do interior, não tinha quem a apoiasse por aqui, estava na casa de terceiros que em pouco tempo as portas foram fechadas. Ela retornou pra sua cidade, pra trabalhar e tentar outra vez a tão sonhada vaga, quem sabe. Saber disso foi muito doloroso, era por pessoas como ela que fazíamos a luta pela assistência estudantil, pelo direito à condições básicas de estudantes permanecerem na universidade através de passe livre, casa do estudante e restaurante universitário.

    Hoje, enfermeira da atenção básica testemunho o grande sofrimento coletivo que uma parcela da população enfrenta, as pessoas estão sem renda e trabalho, sem assistência social, estão enlouquecendo, estão desesperadas e sem nenhuma perspectiva. Em menos de sete dias recebo no posto duas mães que compartilham comigo as circunstâncias que estão inseridas, uma delas aguardando resolver trâmites burocráticos para seu filho mais novo receber o BPC (Benefício de Prestação Continuada), sem dinheiro pra comprar alimentação do mesmo que é especial, os medicamentos de uso diário, fora outras coisas. A outra mãe desabafa que está com energia elétrica cortada e cozinhando a lenha por estar sem dinheiro do gás que está custando R$ 80,00. 

    As duas são dependentes do trabalho dos seus respectivos companheiros, as duas, claramente não tem nenhuma condição de trabalhar, uma vez que são as mães, são as mulheres da casa, são a elas delegado todo o trabalho de cuidar de irmão, mãe, companheiro e filhos, na divisão sexual do trabalho em que nos coloca na maioria das vezes apenas nessa posição.

     Pois bem, são esses exemplos da vida prática, nua e crua, real e presente no meu cotidiano, que me mantem em um estado permanente de indignação, de revolta, de dor, de vontade de transformar, de lutar.

    Estamos todos reféns de um chefe de Estado incompetente, inoperante, psicopata, que quando abre a boca só fala coisas sem sentido, irresponsáveis e que não tem nada a ver com a realidade que a maioria de nós estamos enfrentando, e desde antes da pandemia pelo novo coronavírus, mas agora com a situação atual que este momento nos coloca: milhares de mortes e desemprego, as contradições da posição que ele ocupa se tornam ainda mais evidentes, ele é incapaz de resolver nossos problemas, não tem vacina, não tem emprego e nem assistência social, estamos abandonados à própria sorte enfrentando a maior crise sanitária, econômica e social que já tivemos conhecimento. 

    Estamos pagando a conta de sermos desgovernados por um crápula com poder. 

    Precisamos virar esse jogo. Trabalhar coletivamente para fazer mulheres como essas que citei, entenderem que existem culpados sobre tudo isso, e o maior deles é o pior presidente que nosso país já teve, se não for pelo impeachmeant, que seja pelas mãos do povo consciente nas urnas em 2022, fruto da ação militante ou espontânea das pessoas que conseguem atribuir o caos a ele, que nem tenho vontade de citar o nome.

    Mas independente disso, precisamos ajudar as pessoas, se não podemos entre nós comprar vacinas, podemos ao menos fortalecer as redes de solidariedades que ajudam famílias a terem o mínimo de dignidade, através de doações de cestas básicas e outros auxílios. Por isso eu imploro, doem, divulguem iniciativas do tipo, a fome e a miséria não esperam trâmites burocráticos e eleitorais. Na política que eu defendo, nós combatemos o assistencialismo, isso de deixar pessoas permanentemente reféns de "alguma ajuda", mas eu acredito que o momento que estamos exige a política da solidariedade e da caridade, por uma simples questão de sobrevivência e amor ao próximo.     


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