Ontem eu tava arrumando algumas gavetas e me desfazendo de alguns papéis, não eram papéis velhos, tinham papéis da semana passada inclusive e eles não me valiam mais de nada. Nada! Mas como nada? Semana passada eu precisava deles, eu tinha cuidado, não podia perdê-los, eles não podiam molhar, mas agora eles são totalmente inúteis. Os papéis não mudaram, continuam do mesmo jeito que antes, o que mudou foi a minha necessidade. Em quase tudo na vida sempre é assim, quem muda somos nós. E aí a gente começa a se desfazer do que não é mais interessante. São assim com as promessas também. Já fiz tanta promessa que perdeu o sentido em pouco tempo e que eu nunca cumpri. Das promessas e juras que eu nunca cumpri, ficaram apenas a vontade de serem eternas e cumpridas um dia, mas são sei se o desejo de serem realizadas. As coisas mudam, as pessoas, as prioridades e as vontades.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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