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Só nos domingos


Quando muitos estão nos almoços de família, no cinema, no parque, na praia, eu consigo vê-los nas calçadas, nas esquinas, nas praças. É nos domingos, quando as ruas estão vazias e o comércio está fechado que os invisíveis dos dias de semana ganham formas, cores, rosto e pena. Já faz algum tempo que venho formulando algumas ideias depois de perceber que eu só consigo reparar nos moradores de rua nos dias de domingo. Passamos a semana inteira na correria no centro da cidade, andamos, namoramos vitrines das lojas, enfrentamos o trânsito infernal,  paramos em alguns vendedores ambulantes, encontramos conhecidos e eles estão lá . Todos temos muita coisa pra fazer do que reparar em mendigos, não temos tempo de olhar, sentir compaixão. Nossa indiferença os deixam invisíveis. Mas nos domingos, pelo menos nos domingos, quando eu consigo ver que eles são muitos, são homens, mulheres, idosos, crianças, quando só assim eu me indigno com essas condições de vida, eu me sinto um lixo. Me sinto mal. Eu sinto pena, eles sentem fome e sede de dignidade. Talvez muitos deles nem saibam o que significa viver dignamente. Mas eles devem sentir a vontade de serem notados de vez em quando. Eu fico pensando, quais os medos, sonhos, angústias, esperanças, desejos alimentam as almas dessas criaturas?


Senhores comunistas, lutai por nós!
Senhor Deus misericordioso, rogai por nós! 

Comentários

  1. Senhores comunistas, lutai por nós!
    Senhor Deus misericordioso, rogai por nós!

    é isso!

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