Morreu. Acenderam a vela pra velar. Os vizinhos chegaram, os parentes distantes também. O caixão ficou na sala com os pés virados pra porta (acho que é por isso que dizem que faz mal dormir com os pés virado pra porta, isso é coisa de defunto). A viúva chorou, os filhos e os netos também, choraram, gritaram, morrer dói nos outros. Os filhos carregaram o caixão pelas ruas até o cemitério. Era um homem bom. (a gente vê pela quantidade de pessoas que acompanharam o enterro). Ele agora tá lá a sete palmos embaixo da terra. Eu acho bonito esses enterros de cidade pequena, quero ser enterrada que nem meu avô.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
Comentários
Postar um comentário