O cérebro congela, o coração acelera, as mãos ficam frias. Três da manhã, a mãe tava dormindo tranquila, de repente ela acorda com dois vizinhos na sua porta: - Olha, aconteceu um acidente com teu filho lá na praça, é melhor você ir vê-lo. Que porra de acidente, a mãe já sabia, em alguns minutos encontrou seu filho morto, MORTO, mor-to. Tão morto que ela fechou os olhos e lembrou quando ele se despediu horas antes: - tchau mãe, até amanhã, tô com minha chave. E ela como sempre respondeu: - cuidado na vida pelo amor de Deus. Ele até tentou ter cuidado, mas sabe como é né? Tava vendendo craque em terra que já tinha dono. Roubar freguesia dos outros é um absurdo! Imperdoável. Mas é pagável. Basta acordarem sua mãe às três horas da manhã com a notícia de uma tragédia, você foi morto, então tá pago.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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