Era um caso de amor fruto do acaso, ele pra ela era tudo: desejo, carinho, cuidado, afeto, tesão, paixão, amor, vontade, querer. Ela já teve outros caras antes, mas sabe quando todos tem um "mas, porém, contudo, entretanto, todavia" de alguma coisa que não combina muito, ou é chato, ou não ri muito, ou não dá carinho como ela gostaria? Pois é, ele não tinha nenhum "porém" e isso pra ela era o que mais a prendia a ele. Um "porém" um dia se tornaria o grande motivo ou uma grande desculpa de um real ou proposital desencanto, mas não, ele era tudo e talvez esse "tudo" era o que a incomodava. A felicidade não tinha fim e às vezes ela se sentia culpada de estar tão feliz enquanto no Espírito Santo pessoas estarem morrendo tragicamente por causa da chuva, nos hospitais crianças estarem internadas e tantas outras espalhadas pelo mundo sentindo fome e mesmo assim eles estavam felizes, não que não se importassem com tudo isso, mas é que quando eles se encontravam é como se o resto do mundo não existisse, ele acabava e começava ali como nos romances dos livros, é, eles pareciam uma história inventada dos clássicos! Braços e pernas entrelaçados, pele na pele, explosão de amor, dentro de cada um deles um furacão, um terremoto! Acontecia alguma coisa que nenhum deles sabia explicar, mas sentiam e ela que quase não amava ninguém, sentia um "TE AMO" na ponta da língua querendo sair no meio dessas explosões, na verdade ela podia falar qualquer coisa, mas nada conseguia traduzir o que ela sentia de fora pra dentro e ela sentia muita coisa, não é subestimando o 'cansado' "te amo", mas é que ela sentia que ainda sentia mais que isso e sem palavras que expressassem essa "agonia", eles continuavam brincando de explosões e a cada explosão uma era melhor que a outra. E não relatarei um "final feliz" deste relato para que ele não tenha fim.
Se se morre de amor! – Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve e no que vê prazer alcança!
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebentar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebentar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes ao morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração – abertos
Ao grande, ao belo, é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração – abertos
Ao grande, ao belo, é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores,murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores,murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!
Amar, é não saber, não ter coragem
Pra dizer que o amor que em nós sentimos;
Temer qu’olhos profanos nos devassem
O templo onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis d’lusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Pra dizer que o amor que em nós sentimos;
Temer qu’olhos profanos nos devassem
O templo onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis d’lusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Gonçalves Dias
Ela não tem que se sentir culpada por estar feliz diante de tristezas, aliás, ela em muitos casos só pode fazer isso pela humanidade, ser feliz e compartilhar sorrisos. Pois assim ela contagiará a felicidade com pessoas que estejam tristes também.
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