Eu sou indignada com muita coisa nessa vida, não sei se sou mais revoltada com o sistema de educação do nosso país, ou com o de saúde ou com o sistema penitenciário. Talvez essa seja a força que me move, a vontade de mudar. Por conhecer de perto tão bem o descaso ao qual o povo pobre, preto e marginalizado vivem fico muito feliz quando encontro caminhos alternativos pra combater as desigualdades sociais e ações que de fato fazem a diferença, meu coração fica cheio de esperança que o melhor ainda está por vir.
Comecei ontem o estágio curricular em uma Unidade Básica de Saúde do Alto do Maracanã, reta final da minha graduação em enfermagem. Ontem participei de uma reunião com uma equipe saúde da família de avaliação das suas ações na comunidade e hoje foi dia de pré-natal, eu acho tudo sensacional. Eu não sei se é exagero meu, mas a proposta dos PSF's simplesmente é demais, um modelo ideal de prevenção de doenças e promoção da saúde do povo.
Tudo funciona a partir dos agentes comunitários de saúde que visitam cada casa do território que são responsáveis para identificar quantas pessoas moram, quais as doenças, enfim, fazer o mapeamento de cada lugar e assim diagnosticar a situação de saúde daquela população e através desse diagnóstico a equipe de saúde planeja as intervenções de forma coletiva e e específica de acordo com as necessidades, sendo assim promove-se grupo de diabéticos e hipertensos, de gestante, de adolescentes, de mulheres, de homens, de idosos pensando na qualidade de vida desses grupos.
Por isso chamamos rede básica de saúde, de fato é o básico, orientar sobre a alimentação, exercícios físicos (inclusive acho que educadores físicos deviam fazer parte das equipes), medicamentos, consultas médicas, encaminhar pra exames. Isso é lindo! Mas é lindo na teoria, falta qualidade, agilidade, os profissionais muitas vezes se frustram por se sentirem impotentes porque um exame não chegou, porque falta um medicamento, etc.
Mas minha felicidade vem de ver que mesmo com limitações o serviço funciona e que existem pessoas que se doam pra que isso aconteça, o papel dos profissionais dessas equipes não é puramente técnico e mecânico como vemos em muitos hospitais é também social e principalmente humano, criam-se vínculos com as pessoas da comunidade e foi por isso que me apaixonei por PSF's desde o primeiro período, o profissional de enfermagem tem autonomia pra pensar como cuidar, como intervir, como organizar o serviço, isso é muito lindo!
Precisamos investir nisso, nessa ideia, nessa política e em um futuro não tão distante vamos mudar o perfil epidemiológico da população brasileira, mas pra isso precisa-se de cobertura 100%, qualidade dos serviços prestados em todas as instâncias e valorização dos profissionais de saúde: médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos e principalmente os agentes comunitários de saúde, ACS's que são os profissionais que são a ponte entre as pessoas e os postos de saúde.
Viva à estratégia saúde da família! Viva ao SUS!
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