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Eduardo Campos

Minha tia quase não dormiu a noite passada, disse que ficou muito abalada com a notícia, minha mãe mandou uma mensagem dizendo que se o enterro dele for no domingo ela vai. Me solidarizo com a dor da viúva Renata Campos, sempre ao lado dele em todas as atividades políticas, simpática e atenciosa, me solidarizo com a dor dos seus cinco filhos, não deve está sendo fácil perder um pai querido assim, me solidarizo com toda a família Campos, mas me solidarizo também com todo o povo pernambucano. Eduardo não era só o esposo de Renta e o pai de Zé, Duda, João, Pedro e Miguel, ele pertencia aos pernambucanos, ele fez parte da vida dos pernambucanos. 

As pessoas ainda não conseguem acreditar, algumas dizem "perdi meu presidente que ia nos representar". O choque foi muito grande, foi pesado, Eduardo não está mais entre nós, de repente um profundo vazio toma conta de todos, não podia ser verdade, como pode, meu deus? Um homem jovem na idade e na alma, um homem que sonhava, que tinha planos, quem vive de sonhos esquece que a morte existe. E existe. A morte matou o querido ex-Governador do Estado de Pernambuco. 

Neto de Miguel Arraes, construiu sua trajetória a partir dessa herança. Políticos que governam para o povo entendem a necessidade do povo e ele entendia e se comprometia com essas necessidades, em conjunto com o governo Lula, essa duas figuras foram responsáveis por mudar a cara do nosso estado, principalmente Eduardo Campos, crescimento econômico e desenvolvimento social marcaram seus governos, com contradições claro, assim como todo o país. 

Assim que entrei no movimento estudantil nosso discurso era "Pernambuco é o estado que mais cresce, cresce a um PIB superior ao PIB nacional" e a partir disso defendíamos que o crescimento econômico deveria servir para o desenvolvimento social. Ainda temos muita a fazer pelo nosso estado, mas se fizermos um resgate como manda toda análise de conjuntura conseguimos fazer um balanço honesto do que conquistamos. Posso citar aqui enquanto representante dos estudantes que a gratuidade e interiorização da UPE e o Programa Universidade Para todos em Pernambuco - PROUPE só foram possíveis devido a luta dos estudantes, mas também devido a responsabilidade de um governo progressista com a educação superior de Pernambuco, Eduardo deixou estes legados para a posteridade, estes legados dão outras perspectivas de futuro para as pessoas e para o desenvolvimento do nosso estado. 

Tive a oportunidade de estar com ele reservadamente em dois momentos, nas duas vezes saí de lá pensando "o peste é bom mesmo", na primeira reunião estavam presentes eu representando o DCE da UPE e meus colegas do movimento estudantil, representando UEP, UNE e os estudantes da UPE Arcoverde que eram a pauta da conversa, foi uma reunião tensa, o governador já entrou na sala dizendo: o que for responsabilidade minha eu vou resolver, mas o que não for nem venham jogar pra mim e começamos, colocamos na mesa todos os problemas e ele matava no peito, ironizava algumas situações e eu admirava aquilo tudo, ele criticava a incompetência de algumas instâncias com muita autoridade, com muita razão, ele era foda. 

Na segunda vez, foi mais uma conversa e teve uma hora que ele fez uma piada da situação que eu achei muito boa, estávamos todos sentados de maneira informal entre sofá e cadeiras, eu tava na cadeira ao lado dele e achei tão engraçado que dei uma gargalhada com um tom de intimidade que meus camaradas depois ficaram me zoando. Vou levar comigo pra sempre essas lembranças e as conquistas em conjunto.

Bom, a perda de Eduardo foi um baque e no meio da campanha eleitoral muda todo o cenário político em curso, não consigo raciocinar o que vem por aí, mas mesmo discordando da condução dele no pleito nacional, consigo reconhecer que o posicionamento que ele assumiu era fundamental para o exercício democrático, a luta de ideias e para a leitura política do projeto que o Brasil vive. A terra dos altos coqueiros está cinza de tristeza, a dor e a comoção coletiva é a dor de quem perdeu quem muito contribuiu pra essa terra. Eduardo Campos? Presente!



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