É que eu não acredito em amor livre e muito menos em amor monogâmico, eu acredito no amor entre as pessoas e acredito em doses necessárias de hipocrisia para se viver bem no meio de uma sociedade hipócrita. Não entendeu? Eu vou tentar explicar.
Eu creio que a gente culturalmente aprendeu a ter alguém na lógica de possuir essa pessoa (tipo propriedade privada), a gente simplesmente sente necessidade de ter. Mas somos seres humanos capazes de sentir muita coisa, raiva, amor, afeto, carinho, desejo, desprezo, de acordo com o que o outro desperta em nós e alguém nos despertar algo não elimina que outra pessoa possa nos causar o mesmo sentimento em maior ou menor intensidade. Pois bem, precisamos ter uma pessoa e podemos sentir muitas coisas por mais de uma pessoa, inclusive pelas pessoas que a gente "não tem".
E aí que está a dose de hipocrisia necessária pra se viver bem, a gente nega o que sente porque inventaram que sentir muito e sentir por mais de uma pessoa vai na contramão do que é correto, vai na contramão na convenção social de "ter" apenas uma pessoa. Existem aqueles que tentam superar este modelo de relação instituída, há os que acreditam que o "amor é livre", que ninguém é de ninguém, que a gente pode amar e se permitir sentir pelo outro ou pelos outros e que esse negócio de sentimento de posse é ultrapassado e doentio.
Sinceramente? Não sei! Não acredito que essas pessoas consigam ser tão livres assim, não acredito que os casos mais lindos de amor a dois sejam tão monogâmicos assim, só acho que de longe tenha alguma dose de hipocrisia nos dois casos, mas não por que querem ser hipócritas, mas por que vivemos uma sociedade em que a relação de poder de uma pessoa sob outra, o sentimento de posse, e por consequência, o ciúme, existem.
Quem sabe no dia em que possamos ser verdadeiramente livres o amor não será livre também? Quem sabe no dia em que sentir algo por uma terceira pessoa não incomode e não magoe o nosso bem amado, os relacionamentos monogâmicos sejam mais sinceros?
Talvez eu esteja aqui viajando, mas como sou comunista posso sonhar o que eu quiser, abaixo à hipocrisia, viva ao amor!
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