Até um tempo atrás eu não tinha consciência da necessidade da luta feminista, eu menina/mulher, pensava que podia enfrentar o machismo diário sozinha, porque apesar de não ter consciência do feminismo enquanto instrumento de transformação social, eu sempre conheci o machismo muito bem desde sempre, às vezes a gente não coloca nome, mas ele tá ali no ônibus, na rua, dentro de casa, nas relações sociais e ele incomoda muito, ele faz a gente se perguntar porque disseram que é assim que tinha que ser até a gente conhecer outras meninas, que se incomodam com isso também, e entender que somente juntas é que vamos mudar esses conceitos que parecem imutáveis.
Eu sempre me incomodei quando em casa minha mãe e meu pai diziam que eu tinha que lavar os pratos e meu irmão não podia, sempre me senti mal quando era olhada por homens nojentos como um pedaço de carne na rua, trocava de calçada, desviava olhares, fingia que não era comigo, nunca esqueci de quando um homem encostou em mim no ônibus e eu não consegui falar nada e em todas essas ocasiões que são muito poucas perto de realidades crueis que muitas mulheres enfrentam, todas elas só aconteceram comigo por que eu sou mulher.
Agora pense com você mesma, quantas vezes você passou por situações desagradáveis, perigosas ou injustas apenas pelo fato de ser mulher? Agora me diga, o problema das coisas serem assim está em nós ou em quem inventou que nós deveríamos ser tratadas com tanta diferença em relação aos homens? O problema está no machismo que a história construiu e impregnou em nós como uma verdade absoluta que diz que o homem é o chefe da família, que meninos não podem fazer tarefas domésticas e isso é papel da mulher, que desde pequeno a criança aprende a chamar mulheres de "gostosa" e meninas aprendem a sentar como "mocinhas", quando essas crianças crescem eles fazem de suas companheiras empregadas domésticas assim como a mãe fazia esse papel e se sentem no direito de chamar a mulher que passa na rua de gostosa porque é natural.
É assim que o machismo é reproduzido na nossa sociedade, somos violentadas em cada exemplo desse, assim como somos mortas todos os dias porque alguém inventou que homem pode trair e pode trocar de parceira sem problemas, mas se uma mulher fizer isso ela corre risco de vida e morre porque ela é uma propriedade dele. Hoje eu tenho muita consciência da necessidade de fazer a luta em defesa da liberdade, da felicidade e da vida das mulheres e é por isso que sou feminista e sinto obrigação de ajudar a fazer outras pessoas entenderem a necessidade de lutar para não ter medo de ser mulher.
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