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Deveres morais

Esse negócio de ser de entidade estudantil exige uma responsabilidade enorme da gente. Não só responsabilidade, mas também disciplina e muito compromisso. A gente passa nas salas de aula e promete debate, passeata, um verdadeiro mundo revolucionário e a gente tem o dever de cumprir com as atividades prometidas, claro. Dessa forma conquistamos mais pessoas pra se somarem à luta. Não tantas quanto queremos, porque a maioria delas acha que somos uns idiotas e por vezes elas me fazem sentir uma idiota mesmo, do jeito que nos olham e tratam. Mas as pessoas que me preocupam na verdade são as que os olhos brilham quando encontram com a gente nas salas de aula, nos corredores das faculdades. Falar nas salas de aula sobre melhores condições de ensino e de um país melhor é falar com esperança que as coisas podem mudar. E isso quando toca profundamente no coração das pessoas só tem dois rumos que elas podem tomar: ou juntam-se a nós em busca das mudanças e não se afastam jamais por acreditar na luta, ou então se frustram por não ver nenhuma vitória imediata, desistem, perdem o brilho dos olhos e o gosto pela luta. Por isso que disse mais acima que são essas as pessoas que me preocupa. E carrego comigo, sempre que encontro um par de olhos cheio de esperança ao nos ouvir falando do mundo dos nossos sonhos, a responsabilidade e o dever moral de mostrar a essas pessoas que se nós juntarmos mais olhos que brilham somados a luta diária seremos um grande exército incombatível.

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Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo.  Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de  forma relativamente breve, com alguma angústia

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