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Por uma reforma política democrática

Estamos em agosto e a verdade é que a “jornada de junho” não acabou. Milhões de pessoas foram às ruas tomadas por uma insatisfação geral no Brasil inteiro, no que tange principalmente os serviços públicos: educação, saúde, transporte. Estamos no meio da pior crise capitalista mundial e enquanto em países da Europa a taxa de desemprego, principalmente entre a juventude está em índices altíssimos, nas manifestações ocorridas por essas terras, não foi visto nenhum cartaz exigindo emprego, ou até mesmo comida. 

Bom, não me levem a mal, não quero dizer que não existem desempregados no Brasil, muito menos que não tem mais ninguém passando fome por aqui. Mas temos que convir que diante de uma nação com pouco mais de quinhentos anos, que carrega tantas contradições refletidas nas desigualdades sociais enfrentadas diariamente, em dez anos o Brasil mudou de cara e de atitude, somos uma nação respeitada no mundo inteiro e que avançamos muito no que diz respeito a políticas sociais. 

Porém ao mesmo tempo em que muito foi feito pelas classes populares, os governos responsáveis por essas transformações e o estado foi incapaz, por diversos fatores (dentre eles os poucos dez anos de governos progressistas comparados com quinhentos anos de acúmulos de contradições) de realizar reformas estruturantes no nosso país como a tributária, agrária, urbana e entre outras, a política.  E falar de reforma política hoje, abre um leque pra falar de muita coisa. Primeiro é preciso deixar claro que tal pauta não é novidade, mas fazendo uma análise dela a partir das jornadas de junho, traz um cenário que podemos chamar de novo. 

O que vimos nas palavras de ordem e cartazes de muitas pessoas foi uma verdadeira negação a qualquer tipo de representação, simplesmente as pessoas não estão se sentindo representadas e de fato não estão. Não estão pelo menos no Congresso Nacional, lugar onde são discutidas e votadas tudo que vai acontecer no nosso país. Quem é o Congresso Nacional hoje? A quem ele serve? Foram eleitos pelo voto do povo, mas, em que condições os senadores e deputados federais foram eleitos? O Brasil é um país grande, plural e diverso assim como o seu povo e um Congresso que contemple tanta diversidade deve conter os mais diferentes setores da sociedade, o branco, o preto, o índio, a mulher, os homossexuais, o pobre, o rico e não apenas pessoas que representem uma pequena parcela, a minoria, a elite. 

Mas ele só é assim graças ao modelo de financiamento de campanha dos candidatos e ao sistema eleitoral vigente hoje e que é interessante a quem detém o poder econômico. Isso precisa mudar! E a gente muda reformando. E tem que ter cuidado, por que tem reforma que melhora e reforma que piora a situação, portanto, quem tem responsabilidade e compromisso com os avanços no nosso país tem que unir forças e derrotar os nossos principais adversários, representados pela direita e pela mídia conservadora. 

Lutar por uma reforma política democrática e que dê resposta aos anseios de tantos brasileiros que foram às ruas no mês de junho, não é tarefa fácil. Exige de nós muita coragem pra partir para o enfrentamento da luta principalmente de ideias, pois a opinião sobre o que foi esse povo todo na rua no último mês, ainda está em disputa e ganha quem chegar primeiro e com uma política clara, coerente e acertada.

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