Ao acordar de manhã para luta diária a vida pede coragem, assim como para atravessar uma rua, comer um peixe cheio de espinhas, engolir um comprimido, às vezes eu fico pensando "caramba, a gente se arrisca toda hora", somos frágeis demais, nós não somos nada, João Guimarães Rosa quando diz que o que "a vida quer da gente é coragem" fala tudo. Para amar não é diferente, é preciso coragem para amar! O amor é entrega e risco, risco de se decepcionar de vez em quando e abrir mão de tudo, ou de ser feliz pra sempre a partir do cultivo de todos os dias com carinho, ternura, sabedoria, cuidado e muito querer. Um casal, por exemplo, que chegam a marca dos 50 anos de união e mostram serenidade diante de dificuldades próprias da convivência e das feridas que a vida causa precisam de muito "amor acumulado" e peito de remadores para seguirem felizes e pra isso o tal cultivo, a tal coragem.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
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