Aprendi a ser uma pessoa
relativamente (bem relativamente) organizada depois do movimento estudantil e da enfermagem, eles
me ensinaram a calcular meus compromissos diários e deixá-los religiosamente
organizados ainda que muitas vezes não sejam cumpridos, e assim seguem meus
dias cronometrados por uma agenda que me diz cada passo do que devo fazer pra
não correr o risco de cair no esquecimento, dessa forma comecei a pensar na
vida e tentar planejá-la a longo prazo também, faz um pouco mais de um mês que
encerrei um ciclo que durou um pouco mais de quatro anos, encerrei cansada,
esgotada e saturada e prometendo pra mim mesma que “essa vida” não me cabia
mais, na semana seguinte após o congresso que oficializou minha despedida
passei os dias com estranhos vazios, vazios de interrogação, de entendimento,
me senti feliz ao estar livre pra me concentrar somente nos meus compromissos
acadêmicos e pessoais e incomodada pela ausência do incomodo tão rotineiro que
enchia meus dias anteriormente.
No meio desse dilema tentei descansar, tentei me encontrar e fiz planos, decidi seguir minha vida longe da luta coletiva e me dedicar apenas aos meus projetos pessoais, residência, mestrado, inglês, academia, viajar, estudar, coloquei tudo isso no papel com prazos pra acontecer, tenho esses ataques metódicos de vez em quando, mas como tudo muda sempre e toda hora, as coisas mudaram. A gente planeja pra fazer mil coisas em um dia, coloca o despertador pra 05:30 da manhã e não acorda, se programa pra chegar em 1h em um lugar e o ônibus não passa, tenta falar com alguém e não consegue e o planejamento do dia precisa ser reinventado, imagina com a vida né? Engano meu achar que seria fácil assim e que bom que estava enganada porque o rumo estava totalmente equivocado, acho que eu tinha esquecido que não nasci pra me pertencer.
Mudaram os planos com reticências, porque de fato eles estão sempre mudando...
Comentários
Postar um comentário