No tempo da escola conheci “turmas” organizadas em que cada uma tinha seu paredão de som e nas festas de rua exibiam suas camisas e copos personalizados pra se identificarem, nessa época pude conhecer também as “galeras” que se organizavam nos bairros e nas torcidas dos times de futebol, existia rivalidade entre os bairros e entre as torcidas e o que identificava as galeras eram as pichações, “é massa passar por um muro e ver a marca do cara ali”, dizia um amigo meu.
Conheci também os jovens de igreja que organizam encontros, o “Encontro de Jovens com Cristo” (aquele que todo mundo diz que chora muito, sai renovado e ninguém pode contar o que foi), eles frequentavam as missas e não ficavam até muito tarde na rua. Ao passar uma tarde no parque da jaqueira, me surpreendi com a diversidade de tribos que se concentram ali, vi a turma do skate, de dança de rua e a galera que se veste de desenho animado e se amarra em jogos eletrônicos.
Entendi que a forma com que cada galera, turma, juventude, enfim, cada grupo desses se identificava de alguma forma, seja no jeito de vestir, de viver, de fazer alguma coisa, dá uma identidade própria pra cada um deles e isso é uma necessidade nossa, nós temos necessidade de nos organizarmos de algum jeito, ter um espaço pra se sentir bem e que te ajude a te reafirmar como gente que gosta de alguma coisa por algum motivo.
Eu particularmente me encontrei na juventude que se organiza na política, acho que foi o melhor lugar que encontrei pra canalizar de forma consequente toda indignação que sinto diante das atrocidades do mundo e no final de tudo entendi que toda e qualquer forma de organização é legítima e autêntica.
Mas a política pra juventude é uma ambiente difícil, só é a gente refletir, quantos jovens que você conhece que são da política mesmo? É por que a gente não quer? É por que a gente não tem boas ideias? É por que a gente acha que política é espaço pra gente mais velha? Não. É por que a gente não consegue mesmo, nosso sistema político e eleitoral é antidemocrático, perverso e nojento. O que resta pra quem se permite sonhar com ousadia é o despertar da consciência crítica das pessoas conquistando mentes e corações e o debate sincero sobre a realidade.
Pena que somos tão poucos, acho que todo jovem tinha que além de fazer e se organizar no que gosta, devia por obrigação fazer política e o que eu vou falar agora é um grande clichê, mas “juntos somos fortes” e infelizmente é isso, a sujeira que existe na política distancia as boas pessoas com suas boas ideias e o afastamento da juventude é reflexo disso.
Vi um dia desses uma matéria falando de “jovens que adiam a retirada do título de eleitor”, isso me deixa triste, mas ao mesmo tempo renova minha energia pra não desistir, desistir da política no nosso tempo significa abandonar sonhos de uma geração que hoje tem mais acesso à universidade, que conseguiu fazer intercâmbio, que tem internet em casa a qualquer hora, telefone, whatsapp, isso tudo não surgiu por acaso, são frutos de conquistas e por isso precisamos resistir e despertar mais mentes e corações, vamos em frente!
Comentários
Postar um comentário