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Mostrando postagens de 2018

RELATO DE PARTO

RELATO DE PARTO Eu ia deixar pra fazer depois com mais calma, mas como tô aqui enquanto Loreta dorme e minha única tarefa é vigiar a respiração dela pra ter certeza que ela não vai morrer (porque é essa sensação) vou contar pra vocês como foi tudo. Tudo começou quando na terça (06/12) pela primeira vez não consegui segurar o xixi ou perdi líquido, até agora de verdade não sei o que era porque não   entendi em qual momento perdi de fato o líquido da bolsa. Fiquei preocupada porque como era muito xixi que eu fazia, não conseguia diferenciar quando saía espontaneamente, mas percebia que saia aos pouquinhos uma secreção diferente do meu canal vaginal, transparente, sem cheiro e tipo catarro. Na quinta à tarde depois do trabalho fui despretensiosamente na emergência do IMIP, na triagem falei das características do líquido e tive uma dinâmica uterina (contração do útero) de 40 segundos mais ou menos, no atendimento médico realizaram o toque (dois toques, um de uma estudante, não reclamei, p

elementar

Deito no teu peito e fico cheia, transbordo, existe ali alguma proteção de que o encaixe que faz demonstra que tenho um lugar pra repousar. Me perco no tempo-espaço, me desconecto e tanto faz se era aqueles dias que não se tinha tantas responsabilidades, se é dia de hoje, existe algum conforto de me perder nesse deitar. A vida é pesada, Lúcio. Ela é uma luta constante. Ela é uma corrida. Ela é amarga. Ela é cruel e tinhosa. A gente tem é que ser artista, fazer poesia, fingir demência, deitar no peito e respirar. Sinto teu cheiro e sossego, flutuo em alguma leveza de estar ali, não importa o caos, não importa as taças quebradas, não importa o perigo das ruas à noite. A vida é muito pesada, Lúcio.  A vida é bem pesada, precisa decantar o que é elementar. Deitar no teu peito é elementar. Me encaixar no teu corpo é elementar. Sentir teu cheiro é elementar. Fingir demência é elementar. O resto não é elementar. Te amo, Lúcio.

a hora da virada

Amigas e amigos, queridos e queridas conhecidas, de longe, de perto, de ontem e de hoje, faz um tempo que não paro alguns instantes pra escrever sobre o que penso dos acontecimentos políticos, me acovardei diante das atrocidades e confesso que a desesperança tomou conta de mim, acontece que estamos às vésperas de um processo eleitoral histórico e eu fui tomada por um sentimento de renovação e de esperança que precisa ser compartilhado a todos e todas que eu possa endereçar. Depois do impeachmeant de Dilma, da agenda de retrocessos do desgoverno Fora Temer, da prisão de Lula, dessa crise que a gente atravessa, eu voltei a acreditar que a gente pode virar o jogo, que a gente pode garantir a quinta vitória ao povo brasileiro nas urnas. Quero falar um pouco disso aqui e fazer um chamamento aqueles que querem um Brasil feliz de novo. Eu gosto de falar a verdade, falar o que eu vejo, defendo o que acredito e tenho lado. Ontem foi realizada a convenção da Frente Popular de Pernambuco, ba

na sala de espera

Na sala de espera da prova prática do DETRAN vejo apenas duas placas: "proibido uso do celular", "estamos monitorando com câmeras", procurei alguma que falasse da obrigatoriedade de manutenção de um ambiente tenso, ansioso e acima de tudo sem interação. Eu sempre fui assim, pode ser meio que loucura minha, mas não consigo permanecer em nenhum ambiente que não possa interagir com as pessoas próximas, parada de ônibus, fila de banco, jogo de futebol, bar, naturalmente todos nós deveríamos nos falar, não? Pela reação de algumas pessoas ao meus estímulos, acredito que não. Já levei cada toco, mas não desisto, não deixo de falar, prefiro ser louca, ainda mais em uma sala de espera que o nervosismo tomava conta do ambiente, precisava de descontração, não seria possível que ninguém ali fosse como eu.  Fui lá, sua primeira prova? é. mas é tranquilo, lembrar de ligar a seta, não colocar em segunda marcha pra não ultrapassar a velocidade e ficar calmo. Pensei, poxa, segu

educação, enganação, conformação

Tava numa lojinha e reparei num compasso e numa régua redonda meia lua que estavam pendurados, materiais da escola em algum momento da minha vida, me esforcei pra lembrar pra que serviam, como usava e não consegui recordar, acho que não aprendi nada porque tem muitas coisas da escola que eu lembro muito ou posso ter aprendido momentaneamente, mas se perdeu na minha memória as suas respectivas utilidades. Além da geometria, várias outras coisas ficaram no esquecimento das diversas matérias escolares, assim como da própria graduação.  Fiz a reflexão que mais da metade de tudo que já aprendi até hoje, não foi na sala de aula, aprendi sobre como se sobrevive na rua com gente que nunca foi de frequentar escola ou pretensão de entrar na faculdade e aprendi sobre o que era ter consciência de ser cidadã na militância da luta política. Pois bem, nunca estudei em uma escola pública, mas já tive a oportunidade de entender como elas funcionam através do movimento estudantil e sempre me questi