"filhos ressignificam a vida", eu não sei se fui eu quem criei essa frase, ou se já ouvi alguém falar ou escrever isso, talvez eu tenha visto na legenda de uma foto de uma pessoa sobre como uma criança próxima a ela ressignificava as coisas, acho que foi isso, mas eu nunca esqueci, até eu ter minha filha e entender o quanto os e as filhas ressignificam absolutamente tudo que existe para quem é mãe, pai, para quem os/as tem.
antes da gente ser mãe o mundo é de um jeito, depois da chegada de um serzinho novo tão dependente de você, é como se o mundo abandonasse a roupagem e víssemos surgir uma nova conformação em nossa volta, várias coisas deixam de fazer sentido, já outras só sabem quem os tem, parafraseando vinícius. faz um pouco mais de três anos que loreta me apresentou um mundo mais bonito.
andar de ônibus, seja da encruzilhada até santo amaro, seja de recife até itamaracá, não é tão pesado quando olho pelos olhos dela, pra ela ônibus é lugar de querer sentar sozinha e na janela, de comprar pipoca ou chocolate e de cantarolar. voltar andando da creche que pra mim era um percurso que antes dela eu só ia pensando em chegar logo, virou uma aventura em que ela observa, pergunta, canta, pede, brinca.
abrir um livro e ver ela abrindo outro, faz significar então que preciso ler livros sempre e sempre ao lado dela, antes não tinha significado nenhum, era só uma leitura. colocar água na planta pra que ela entenda sobre cuidado, deixar que ela pinte todas as paredes da casa pra que ela se sinta livre, colocar sempre uma tampa transparente na panela na hora da pipoca pra ver a carinha dela de feliz quando o milho começa a estourar, tudo ganhou uma nova dimensão pra mim, pra o meu mundo, ou o mundo dela.
loreta me faz ressignificar até a saudade dela, não existe distância entre nós, existe somente fortalecimento de vínculos, proteção, cuidado, amor de muito. ela me faz ser de um mundo que é bom e sabendo que não é bem assim, me faz querer deixar que o mundo dela seja. te amo, filha.
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