Eu nasci para questionar, já entendi. Absolutamente tudo. Às vezes até demais, às vezes até o que nem é pra ser, virou um meio de vida, eu questiono porque desacredito de muitas coisas que estão postas, e já entendi que muitas pessoas naturalmente aceitam tudo, por diversos fatores, e por outros fatores, eu questiono. E me peguei questionando a mim mesma, será que é hora de não questionar os "detalhes", será que tudo que não seja morrer ou viver serão detalhes? Ou será que os detalhes são os que mais importam agora. Será que não são eles que nos mostram realmente quem somos, onde estamos, o que estamos fazendo.Tá muito vago de me compreender talvez. Vamos aos questionamentos.
Usam tanta hashtag sobre "heróis da saúde", e juro que o detalhe da flexão de gênero me incomoda e juro que não é por falta de problemas para eu refletir, mas esse detalhe me importa, se a nossa língua fosse democrática e a flexão de gênero fosse determinada pela maioria que compõe o que se refere, falaríamos naturalmente "heroínas da saúde". Apesar de historicamente os profissionais médicos do sexo masculino ser a maioria, esse perfil mudou bastante, e a enfermagem eu nem preciso falar, fora as outras profissões como nutrição, fisioterapia, psicologia. A saúde, palavra feminina é também uma profissão predominantemente composta por mulheres.
Existe uma gratificação/ adicional chamada "insalubridade", baseada no risco de vida inerente ao serviço que determinado profissional atua, eu desconheço as leis, de insalubridade e de tantas outras coisas que defendo, mas sei que são óbvias de defender. O que sei é que essa gratificação na remuneração é calculada de acordo com a exposição ao risco, então varia o percentual calculado com base ou no salário mínimo ou no valor do salário do trabalhador/trabalhadora. Em tempos de estar em linha de frente contra o novo coronavírus, sabendo que historicamente as condições de trabalho na saúde pública tem limitações e a exposição de morte através da infecção e agravamento é alta, todas as instituições deveriam pagar o risco máximo e o valor máximo sobre isso aos profissionais da saúde. Isso é óbvio, ou detalhe no meio de tanto caos?
Outros detalhes estão invisíveis aos olhos das pessoas que estão mergulhadas no desespero, dor, sofrimento, ou na indiferença mesmo. Os "heróis da saúde" na maioria são mães, são filhas e muitas nem se arriscam a ser "heróis" porque estão com medo, porque precisam proteger os seus em casa e não querem nem imaginar ser um ponto de contaminação dentro da casa que guarda as pessoas que mais amam nessa vida. E as que não podem abrir mão do front, sentem culpa, medo, ou seguem isoladas, não como muitos que estão isoladas com os de casa, seguem isoladas das pessoas que mais amam na vida, são detalhes invisíveis e que deixam o coração partido.
São os detalhes que me incomoda. E me questiono, o que mais importa agora, sobreviver ou entender o que parece ser tão pequeno? Sobreviver é claro. Mas desculpem, sou uma pessoa muito apegada ao miúdo.
Comentários
Postar um comentário