Pode parecer idiota, mas é puro sentimento. Meus pais viajaram hoje pra passar uns dias fora, acho que eles nunca fizeram isso na vida desde que eu e meu irmão chegamos. Tô feliz por eles e eles devem estar também, a ansiedade tava grande, dava pra ver de longe. Deixei eles no aeroporto e no caminho de casa pensei pra quando chegar "vou ligar o som bem alto e fazer qualquer coisa". Chegando em casa meu cachorro tava mais triste que mulher abandonada, até liguei o som, aumentei um pouco o volume, mas depois de alguns minutos me encontro aqui, sentindo a casa tão vazia como nunca senti, chega dá vontade de chorar. A casa sem eles não tem a menor graça e na mesma hora pensei "nos dias de semana que eu e meu irmão ficamos longe são eles que ficam sem a gente" e concluí que se eles nos amam tanto quanto nós os amamos eles devem sentir tanta falta quanto também. Estou provando neste exato momento do meu próprio veneno. Do veneno de ser tão ausente dentro da minha casa e na vida dos meus pais por conta das minhas escolhas, que não me arrependo.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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