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A representação estudantil e a dialética

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Pernambuco – DCE UPE me trouxe experiências riquíssimas e que com certeza vou levar pra vida toda, momentos de alegria, felicidade, tristeza e de muita dificuldade servem pessoalmente para meu constante aprendizado, não tem outra palavra pra definir melhor, aprender é a ordem dos dias. Sempre soube que seria um desafio muito positivo, portanto não me arrependo de nada até aqui. Presidir o DCE exige muita responsabilidade e principalmente muita dedicação, tarefa difícil e ao mesmo tempo muito gratificante quando a gente consegue envolver mais pessoas na luta, ter ganhos políticos concretos e saber que pessoas reconhecem seu esforço, não que isso seja o mais importante, mas alimentar o ego da entidade a partir de você e de quem tá trabalhando junto dá gás novo.

 Falta um pouco mais de dois meses pra concluir a gestão e ando refletindo se o DCE tem cumprido o papel a que se colocou a cumprir no período de campanha e diante disso também tenho entrando em conflitos comigo mesma em relação a nossas limitações de atuação. Só pra contextualizar, essa gestão nasceu de uma necessidade da representação máxima dos estudantes de existir, porque a gestão anterior não convocou novas eleições e o Diretório estava inativado, isso deu um diferencial pra gente no momento do discurso e de pautar nossa campanha, além das pautas que conhecíamos das bandeiras de lutas próprias dos estudantes da UPE, batemos muito na tecla dessa tal necessidade política da representatividade e foi uma estratégia que deu muito certo, era fácil envolver os estudantes nesse processo porque a gente escancarava pra eles alguns problemas que eles sentiam na pele, mas não refletiam sobre, e tantos outros problemas que muitos não tinham acesso, coisas mais relacionadas a gestão da Universidade, etc e usávamos a falta da representação estudantil como um entrave na solução desses problemas. Pois bem, apesar de sermos uma chapa única, fomos muito vitoriosos nas urnas e consequentemente reconhecidos pelos estudantes com legitimidade.

 Venho lembrando tudo que falava nos corredores e salas de aula antes das eleições e às vezes me convenço que estamos garantindo a representatividade dos acadêmicos da UPE e por vezes acho que o DCE não consegue resolver os problemas que achávamos que poderíamos resolver antes de ser gestão de fato. Uma representação estudantil é uma entidade muito limitada dentro de uma instituição de ensino tão grande e complexa como a Universidade de Pernambuco, a gente vê os problemas e muitas vezes não consegue encontrar uma solução palpável, quando digo palpável quero dizer ao alcance mesmo e isso é muito frustrante pra quem se preocupa e se sente responsável pela construção da mesma.

E já me vi, por exemplo, em uma encruzilhada entre o meu entendimento a respeito das limitações da UPE, o que era necessário decidir pra fazer a Universidade melhorar e avançar e entre o senso comum de muitos estudantes. Vejam, eu sendo representação estudantil me vi cometendo um prática “impopular” por que acreditava e acredito que naquele momento algo maior estava em jogo, eu decidi então contribuir com as medidas que a instituição estava defendendo. E até agora me pergunto se eu em nome do DCE devia ter escolhido pelo senso comum ou para contribuir com a gestão da Universidade por conhecer seus problemas e limites. É a crise que eu passo, qual o papel do DCE em situações como essa? Pura dialética.

É fácil querer ser o DCE, pensar e propor uma UPE muito melhor, mas infelizmente a prática diária nos faz sentir quase impotentes, e nesse quase reside toda a diferença e nesse quase deposito toda minha esperança em reafirmar a importância de um Diretório Central dos Estudantes que conhece as limitações da única universidade estadual de Pernambuco e que ainda assim, faz passeata e alimenta sonhos de tantos estudantes na luta pela UPE de qualidade e a serviço do povo, mais uma vez, pura dialética

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