Às vezes fico reparando como as pessoas se tornam vulneráveis por saberem menos que outros. E como as pessoas julgam e classificam os que "sabem mais" dos que "sabem menos" em graus de importância. Certa vez estive aplicando provas de concurso da prefeitura do Recife, pela manhã a prova exigia apenas ensino fundamental, se não me falha a memória, e a tarde, ensino superior. E aí, lembro que as colegas aplicadoras das provas, com mais experiência que eu diziam: -a tarde é ruim, são os que têm ensino superior, tudo eles perguntam, dizem que a gente tá fazendo errado.
Ou seja, as pessoas classificam os que "sabem", que tem conhecimento científico, como pessoas "ruins", porque são pessoas que questionam, pessoas que não permitem simplesmente as imposições! Então, lembro também de um camarada que conheci há alguns meses, ele mora em Maputo, província de Moçambique, país que conquistou sua independência há menos de 30 anos, e esse camarada me falou coisas do tipo "imagina toda população escolarizada, se toda população abre o olho esse mundo vira um caos, todos vão achar que têm direitos, é por isso que os políticos tem medo dos estudantes".
É lamentável essas visões pequenas e mesquinhas!
Quero dividir também a que vulnerabilidade me referia no início do texto, sou acadêmica de enfermagem na Universidade de Pernambuco e os hospitais universitários, aos quais temos os espaços para as aulas práticas , são frequentados pela população carente da região metropolitana do Recife e é o seguinte, quando pedimos licença pra fazer o exame físico, eles respondem "à vontade" como se dissessem, "podem fazer o que quiser, vocês que sabem o que tão fazendo". Eles veem em nós, os "doutores" que sabem tudo e por isso tem o poder sobre eles. Eu não gosto disso.
Eu sonho com o dia em que ninguém tenha medo de quem sabe, porque todos estarão emponderados do saber. E digo àqueles que temem isso, que se preparem, vocês vão ter que discutir, convencer com bons argumentos e não fazer ninguém engolir nada a sua maneira!
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