Devia ter escrito esse texto no tempo em que essa paixão avassaladora me possuiu dos pés até o último fio do cabelo, mas geralmente as inspirações mais intensas nascem do que já acabou. Até escrevi algumas coisas que sentia na época do romance, mas tudo foi apagado e perdido pelo ressentimento do "fim".
Então agora que me resta algumas sensações causadas pela minha boa memória, me atrevo a reviver os "dois meses" de uma das paixões mais apaixonadas da minha vida (eu gosto de exageros) em palavras emitidas pelo coração. Desculpe-me se tô demorando pra falar de fato do "Meu Bem", mas enquanto te enrolo pra introduzir minha história, vou resgatando dentro de mim as lembranças que ficou e dizendo pra o amor que viverá pra sempre dentro de mim que essa foi a forma que encontrei de eternizá-lo e ser feliz e infeliz cada vez que eu ler o que começo a escrever agora.
Eu tava à toa e descansada da vida quando você apareceu na minha frente, óculos escuro e cavanhaque monstruoso, ou seja, quase não vi teu rosto, mas inexplicavelmente o rosto que nem vi chamou minha atenção, chamou e prendeu. Pudemos nos ver mais vezes, meu interesse só aumentava e percebi que a recíproca era verdadeira, em pouco tempo surgiu alguns conflitos entre nós, mas, esqueçamos!
Esqueçamos porque antes dos conflitos eu lembro primeiro do quanto teu cheiro, tua voz, tua presença me atraia e não falo de qualquer atração, falo de se sentir atraída como uma moeda por um ímã e dessa vez não tô exagerando, era exatamente assim que eu me sentia por você.
Estar ao teu lado já tinha virado uma necessidade física e de alma, meu corpo precisava da tua energia pra ficar em paz. Palavras que surtiam efeito de juramentos eram trocadas constantemente. Eu já estava apaixonada e tinha plena consciência disso, me preocupei diversas vezes e me esquecia das preocupações a cada vez que o brilho dos meus olhos e meu sorriso me faziam esquecer propositalmente.
Meu Bem, ninguém te quis tão bem como eu naqueles dias, ninguém no mundo te desejou tanto como eu desejei, eu sei, só eu sei. Lembra das últimas noites antes da "despedida oficial"? Lembra que teve um "ensaio de despedida" num momento de embriaguez e revolta minha? Nas noites que sucederam esse "ensaio" provei uma infelicidade misturada com angústia que eu quase morri de tristeza. Eu chegava a sonhar. Foi torturante. Se eu não me engano, foram dois dias e duas noites até chegar a "despedida oficial". Me arrastei até criar coragem pra última conversa, a tal "despedida oficial". Eu poderia narrar superficialmente o que tratamos, o que decidimos, mas quando ouço "Relicário"de Cássia Eller, Nando Reis, sei lá, quando fala "eu trocaria a eternidade por essa noite" eu só lembro dos últimos beijos, tão cheios de querer e saudade do que acabava ali.
Sabe, apesar de ter sido "dois meses", pra mim foi muito mais que isso, mas não cabe aqui. Eu nunca esqueço o que as pessoas já me fizeram sentir e eu senti tanta coisa pelo "Meu Bem". Assim vou vivendo como pretendo viver: mil paixões até a velhice.
DOCE("Meu Bem")
É doce...É doce...
É do céu e do inferno
quisera eu que fosse eterno
o beijo que ela me deu
é doce...é doce...
como fosse Mel e Kanela
o gosto da pele dela
deitada por sobre o breu.
É doce...é doce...
e é nela que me melo
de desculpas e vontades
escondidas no meu eu...
É doce! Não me canso de dizer "doce"!
Esse sorriso que me pega
esse olhar que me carrega
para onde ela quiser...
É doce...
É doce até o seu "não"
nesse leve "bem-querer"
a que o ingrato mal-querer
ainda insiste em combater.
Mesmo assim...
Faz-se doce todo dia
o amargo dessas vidas
que no frio das despedidas
arriscam a se perder...
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