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nossa poesia

Não desperdiço um pingo de inspiração sequer. escrevo porque te sinto, você me dá sentido de alguma coisa boa, ainda que te sinta assim tão distante. Acho que é onde está a  nossa poesia, nisso de não entender direito, de sermos tão próximos e tão distantes, nisso de ser a gente. 

Eu gosto da nossa liberdade, mas às vezes o que eu queria mesmo era te roubar pra mim por tempo indeterminado, onde não tenha ninguém olhando e a gente fique à vontade pra ser tudo que a gente é. Já te disse algumas vezes o quanto eu gosto de ficar te olhando no meio da multidão e gosto mesmo, mas gosto mais de te olhar no meu quarto, enquanto mexe no celular ou dorme. 

Quando duas pessoas que se gostam estão sozinhas juntas se cria um mundo ali, uma espécie de bolha que protege, acolhe e permite com que os dois sejam aquilo que não são no meio das multidões, juntam-se as singularidades, tornam-se um eco plural dentro da bolha protetora, acolhedora e que só pertence aos dois e a mais ninguém. 

É nesse nosso mundo/bolha que eu quero estar quando quero ficar quietinha com alguém, pra arengar, me enciumar, reclamar e pra ouvir música, fazer massagem e ter a mão colocada no peito, essa é a nossa poesia. 


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