Caminhando na praia percebo as construções feitas a beira do mar, a força das ondas ao longo dos anos danificam as estruturas de concreto. As ondas sempre vão existir, o que os homens tem que fazer é adaptar suas obras de acordo com a logística da praia pra não ter prejuízo. A vida da gente é como essas obras, não podemos ser inflexíveis ou então não sobreviveremos, precisamos nos moldar diante da forças das ondas pra não ficarmos pra trás. Você não gosta de cara feia? De gente mal educada? De injustiça? Eu também não. Mas tem gente que também não gosta de sentir fome, sentir frio, não ter lugar pra morar, de não ter dignidade. E mesmo assim, a gente vive. O mundo grita todos os dias, todas as horas: TU TE ADAPTAS, SENÃO EU TE DEVORO, essa é a lei.
Vivo hoje o 7° dia da partida do meu pai dessa vida, perdi a pessoa que mais amava nesse mundo (até minha filha chegar). Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu corpo, dói tanto, morrer dói nos outros. Não importa as circunstâncias, o tempo, a forma, ninguém quer perder quem ama. E ainda que ele vivesse dizendo "eu já posso morrer" se referindo a nossa condição material: ele aposentado, deixaria a pensão pra minha mãe, eu enfermeira concursada, meu irmão engenheiro, uma neta que ele sempre me pediu, ele não podia morrer. Eu não queria perdê-lo por nada nesse mundo. Na segunda passada, 16 de agosto de 2021 perto das 19h recebo a ligação da minha mãe aos prantos, "beta, acho que teu pai tá morrendo" e eu morri um pouquinho ali também, nunca uma viagem pra Itamaracá foi tão longa, fiz promessas pra Deus e pra Nossa Senhora da Conceição. Mas não tinha mais promessa que desse jeito, meu pai tinha morrido. Partiu de forma relativamente breve, com alguma angústia
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